O Passarão |
O PASSARÃO
(Clara Ferreira Alves)
«(…) Não
esqueçamos o caso Tecnoforma. Não pelo caso em si, ou pelas quantias envolvidas
ou sonegadas, pessoalmente estou-me nas tintas para os mil contitos do
PASSARÃO. O que convém não esquecer, dada a falta de memória que por aí vai, é
que o PASSARÃO ganhou as eleições com um argumento: eu vou limpar Portugal de
gente que trepa e se aproveita do Estado e assim faz descambar as balanças.
Eu
vou varrer os oportunistas, os papa-subsídios, os proventos de mão esquerda, os
funcionários públicos bissextos, os tipos que enterraram o país na dívida e
agora não são capazes de o governar obedecendo aos preceitos da Alemanha
benfeitora. Eu vou ser o salvador da pátria. Eu sou impoluto e limpo de
coração, não tenho fortuna pessoal, sou remediado e renunciei a subvenções
vitalícias, férias no estrangeiro e salmão em executiva. A minha
cidade preferida é Vila Real (quando o PASSARÃO disse isto, eu soube logo que
ele estava a mentir... adiante).
Este o argumento. Com o dizia a defunta Mrs.Thatcher, primeiro ganha-se o argumento e depois ganha-se o voto. É este o processo. O PASSARÃO nem chegou a ganhar o argumento. Atirou-se de cabeça ao voto. Mostrou o plano, anunciou com aquela voz de tenor que a gravata não tinha nódoas e sentou-se à mesa.
Este o argumento. Com o dizia a defunta Mrs.Thatcher, primeiro ganha-se o argumento e depois ganha-se o voto. É este o processo. O PASSARÃO nem chegou a ganhar o argumento. Atirou-se de cabeça ao voto. Mostrou o plano, anunciou com aquela voz de tenor que a gravata não tinha nódoas e sentou-se à mesa.
Sentou
ao lado direito, ao lado de deus pai, o PASSARÃO maior, conhecido por gostar de
relva fresca. Ora, o bom povo português já esqueceu as estupendas trapalhadas
destes dois e confessa a sua admiração com a escassa obra beneficente do Centro
Português de Cooperação e o seu presidente Passos PASSARÃO, mais a mecenas
Tecnoforma e o seu offshore em Jersey (por uma vez, não é nas
Ilhas Caimão, e no ponto em que estamos, acho admirável) fora o subsídio de
reintegração e a fuga aos impostos através desse subterfúgio de funcionários
chamado despesas de representação.
Isto não é o importante, muita gente
apresentou despesas de representação e papou subsídios. Muita gente qui s fugir ao braço longo do Estado papão. Muita
gente abriu empresas num dia para sacar fundos europeus para as fechar no dia
seguinte quando os fundos secaram. A diferença é que essa gente pecadora não
anda por aí de mão no peito a ganhar o voto e a chamar piegas aos portugueses e
a dizer que somos um povo de cigarras que não quer trabalhar.
O PASSARÃO que me perdoe mas a cigarra é um animal simpático. Já um PASSARÃO que apresenta como currículo uma carreira à sombra dos tutores do partido e das baldas do partido, não devia apregoar a virtude (nem dizer que Vila Real etc., etc.). Muito menos devia andar com más companhias que recrutam espiões para serviço próprio e vendem o país a retalho sob a manta da "cooperação" e da premência da "ajuda externa".
O PASSARÃO que me perdoe mas a cigarra é um animal simpático. Já um PASSARÃO que apresenta como currículo uma carreira à sombra dos tutores do partido e das baldas do partido, não devia apregoar a virtude (nem dizer que Vila Real etc., etc.). Muito menos devia andar com más companhias que recrutam espiões para serviço próprio e vendem o país a retalho sob a manta da "cooperação" e da premência da "ajuda externa".
O que o PASSARÃO tem feito, estes
meses todos, é revender Portugal a interesses obscuros e cobrar impostos. Não
confio nele para tal missão. Nem nele nem nos passarocos aplicados e prístinos
que o rodeiam. Não quero que o PASSARÃO venda a TAP, agora. Nem as Águas de
Portugal. Nem o que falta vender antes que a legislatura termine. Quero que o
PASSARÃO salte do galho.
Nota - O Passarão não conseguiu manter dentro da gaiola o Ministro Macedo que não lhe fez a vontade de ficar. Talvez outra qualidade política.
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