quinta-feira, janeiro 08, 2015

Charb: "prefiro morrer de pé a viver de joelhos"
A morte desceu

sobre Paris












Com alguma sorte à mistura, até se enganaram no número da porta, o acto de vingança sobre os jornalistas e cartoonistas do jornal satírico/humorístico Charlie Hebdo, foi um sucesso.

Instalações que tinham portas de segurança, guardadas por polícias, jornalistas protegidos por agentes especializados na defesa de pessoas, e tudo foi facilmente ultrapassado e os crimes realizados na totalidade e em impunidade.

No entanto, este sucesso ao estilo Al Capone correspondeu a mais um tremendo fracasso para um Movimento, Organização, ou lá o que seja aquilo, que afirma querer dominar o mundo árabe através de um enorme Califado e também a Europa e, quiçá, o Mundo.

O Charly Hebdo, com as suas caricaturas fazendo troça do profeta Maomé, procurando vulgarizar a sua religião, como já o tinha feito com outras religiões, entre elas a cristã, era uma arma poderosa que atingia o coração dos fanáticos.

Conseguiram mais vítimas que se juntaram à das Torres Gémeas de Nova Yorque, às do Metropolitano de Madrid e às de Londres e a tantas outras às quais se juntarão mais no futuro porque os radicais fanáticos religiosos vão continuar a existir e a fazer-nos pagar o preço da sua existência.

Esta gente, infelizmente, veio para ficar não sabemos por quanto tempo. Os meios tecnológicos, a capacidade de organização, as tácticas militares, tanto estão ao serviço dos bons como dos maus e por isso a dificuldade em combatê-los, por isso a sua eficiência.

Como dizia recentemente um jornalista alemão, recebido em visita aos territórios do Estado Islâmico:

-  “eles são um em cem misturados no meio da população. Até nem são muito inteligentes mas andam com cintos de bombas à cintura e um total desprezo pela sua própria vida.” – Como podem ser combatidos?

Estão possuídos por ideias que perderam toda a racionalidade, deixaram de ser pessoas, deixaram de ser humanos refugiados atrás de Maomé e por isso, sentados no banco dos réus, em vez de se defenderam, limitam-se a ler ou a recitar o Corão.

Como lidar com isto? – Não é, com certeza com exércitos e drones, embora eles também sejam precisos e possam ter o seu papel.

É preciso ir ao âmago das sociedades, às famílias, às crianças e o campo de actuação principal é aqui, na Europa, onde vivem mais de 10 milhões de muçulmanos, a maior parte concentrados na França e na Alemanha, respectivamente, 6,4 e 3 milhões, muitos deles nascidos nestes países, seus nacionais.

No conjunto, no entanto, não representam mais de 5 a 6% numa sociedade que toda ela é cristã, agnóstica ou ateia.

É evidente que se esses milhões de muçulmanos estiverem concentrados nas cidades, em guetos, segregados ou auto segregados, vivendo sem emprego, sem trabalho e sem o que fazer, a situação torna-se muito perigosa porque propícia a comportamentos radicais especialmente de natureza religiosa, tendo, como reacção, o crescimento de partidos de extrema direita racistas e xenófobos.

O que aconteceu agora em Paris é uma lástima porque, para além de tudo, as pessoas que foram mortas era gente excepcional pela sua coragem e pelo seu humor que é o tipo de inteligência mais fino e raro do cérebro humano.

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