sobre Paris
Com alguma sorte à mistura, até se enganaram no número da porta,
o acto de vingança sobre os jornalistas e cartoonistas do jornal satírico/humorístico
Charlie Hebdo, foi um sucesso.
Instalações que tinham portas de segurança, guardadas por polícias,
jornalistas protegidos por agentes especializados na defesa de pessoas, e tudo
foi facilmente ultrapassado e os crimes realizados na totalidade e em
impunidade.
No entanto, este sucesso ao estilo Al Capone correspondeu a mais
um tremendo fracasso para um Movimento, Organização, ou lá o que seja aqui lo, que afirma querer dominar o mundo árabe através
de um enorme Califado e também a Europa e, qui çá,
o Mundo.
O Charly Hebdo, com as suas caricaturas fazendo troça do profeta
Maomé, procurando vulgarizar a sua religião, como já o tinha feito com outras
religiões, entre elas a cristã, era uma arma poderosa que atingia o coração dos
fanáticos.
Conseguiram mais vítimas que se juntaram à das Torres Gémeas de
Nova Yorque, às do Metropolitano de Madrid e às de Londres e a tantas outras às
quais se juntarão mais no futuro porque os radicais fanáticos religiosos vão
continuar a existir e a fazer-nos pagar o preço da sua existência.
Esta gente, infelizmente, veio para ficar não sabemos por quanto
tempo. Os meios tecnológicos, a capacidade de organização, as tácticas
militares, tanto estão ao serviço dos bons como dos maus e por isso a
dificuldade em combatê-los, por isso a sua eficiência.
Como dizia recentemente um jornalista alemão, recebido em visita
aos territórios do Estado Islâmico:
- “eles são um em cem
misturados no meio da população. Até nem são muito inteligentes mas andam com
cintos de bombas à cintura e um total desprezo pela sua própria vida.” – Como podem
ser combatidos?
Estão possuídos por ideias que perderam toda a racionalidade,
deixaram de ser pessoas, deixaram de ser humanos refugiados atrás de Maomé e
por isso, sentados no banco dos réus, em vez de se defenderam, limitam-se a ler
ou a recitar o Corão.
Como lidar com isto? – Não é, com certeza com exércitos e
drones, embora eles também sejam precisos e possam ter o seu papel.
É preciso ir ao âmago das sociedades, às famílias, às crianças e
o campo de actuação principal é aqui ,
na Europa, onde vivem mais de 10 milhões de muçulmanos, a maior parte
concentrados na França e na Alemanha, respectivamente, 6,4 e 3 milhões, muitos
deles nascidos nestes países, seus nacionais.
No conjunto, no entanto, não representam mais de 5 a 6% numa sociedade que toda
ela é cristã, agnóstica ou ateia.
É evidente que se esses milhões de muçulmanos estiverem
concentrados nas cidades, em guetos, segregados ou auto segregados, vivendo sem
emprego, sem trabalho e sem o que fazer, a situação torna-se muito perigosa
porque propícia a comportamentos radicais especialmente de natureza religiosa,
tendo, como reacção, o crescimento de partidos de extrema direita racistas e xenófobos.
O que aconteceu agora em Paris é uma lástima porque, para além
de tudo, as pessoas que foram mortas era gente excepcional pela sua coragem e
pelo seu humor que é o tipo de inteligência mais fino e raro do cérebro
humano.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home