Dizem os analistas que os homens que mataram os cartoonistas no Charlie Hebdo, conseguiram atingir os seus objectivos porque lançaram a Europa e o mundo numa onda de medo que fez sobressair a sua importância no cenário mundial.
Milhões de
pessoas por todo este nosso mundo europeu, mundo de direitos individuais e
liberdades, desfilaram indignadas com a ousadia de homens que reclamam o assassínio
de pessoas inocentes como objecto da sua luta para instalarem um aparelho de
poder na sociedade, e as suas organizações logo vieram reivindicar a
responsabilidade desses actos como se fossem vitórias dos seus “soldados” na
luta contra o inimigo.
Não será isto
mais do que motivo para provocar o medo nos cidadãos? – Claro que é.
A segurança de
cada um de nós passa a ter mais um motivo de aleatoriedade: o de estar no sítio
errado à hora errada mas, despertar o medo é positivo para nós e mau para os
terroristas.
Ao longo da
história da evolução da humanidade sempre vivemos com o medo de um inimigo que
era real e nos esperava, disfarçado, oculto, invisível e, se vencemos de forma
a sobreviver é porque desenvolvemos, dentro de nós, o mecanismo do medo que bem
lhe poderíamos chamar a arma dos fracos.
Foi ele, o
medo, passados os momentos de pânico e de dor pelas vítimas, nos levou a desencadear
mecanismos de defesa, de aperfeiçoamento dos já existentes, de criar outros
mais eficazes, aumentando a vigilância.
O sucesso dos
terroristas no seu assalto às instalações do Charlie Hebdo foi possível porque
o sistema de defesa que estava montado falhou, a vigilância não estava lá ou, se estava, foi
incompetente.
É claro que a
vida dos cartoonistas “pouco valia” e todas eles estavam conscientes do risco
que corriam no seu dia-a-dia, no seu hora-a-hora, mas há opções na vida que
exigem muito mais coragem do que matar cobardemente e à traição, pessoas anónimas,
desarmadas, que estão dentro de um Min-Mercado simplesmente a fazer compras.
O factor medo
está em marcha, todo o nosso sistema de defesa vai ser reavaliado e o sucesso
da matança dos terroristas vai-lhes sair caro em vidas e prisões.
A prazo, eles
perderam, como perderam em tempos remotos os tigres dentes de sabre que também
atacavam de surpresa e à traição.
Esta gente tem
garras de outra natureza, mais perigosas e ainda mais afiadas, mas o medo que
temos deles vai-nos permitir, mais uma vez, vencer e sobreviver.
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