O Profeta com a lágrima |
Maomé a Chorar
Uma lágrima cai pela face do profeta: “está tudo perdoado” diz a legenda da capa do semanário Charlie Hebdo, o primeiro depois do massacre dos cartoonistas.
Fazer um boneco com o profeta a chorar, humanizando-o,
pode ser, num certo sentido, uma ofensa tão grande como apresentá-lo nu.
Expor a alma do profeta mostrando-o a chorar, equi vale a expor-lhe o corpo, despindo-o.
Qualquer religião só tem força quando o seu
representante lá no céu perde os laços com a terra, se confunde com Deus, adqui re o sobrenatural, o poder dos entes mágicos e
secretos.
Por alguma razão, a edição deste semanário que saiu na Turquia, o profeta não tem lágrima, logo, não está a chorar e a legenda diz: "ainda há muito a perdoar".
O Profeta, tal como Cristo, não podem ser homens, têm
que ser sagrados, intangíveis, libertos das leis terrenas.
Por esta razão, Jesus da Nazaré, só passou a ter a
força de uma religião quando, ao 3º dia depois de morto, subiu ao céu e
sentou-se à direita de Deus, deixando de ser Jesus da Nazaré para passar a ser
Jesus Cristo.
O Profeta, por razões idênticas, depois de morto, deixa
de ter representação terrena, qualquer espécie de figuração, é um livro, um código, um “edifício” de preceitos
e regras religiosas.
O Jesus histórico é de somenos importância. O que
interessa é o Jesus da religião, o que fala pela boca dos evangelhos escolhidos, o que ganhou o poder do céu, do Pai, ao lado
de quem se sentou.
O da Nazaré não interessou grandemente ao cristianismo, ele já
tinha morrido há muito quando os seus seguidores, especialmente um chamado
Paulo, percebeu a potencialidade da sua mensagem e procurou torná-la universal
com a aliança de um tirano e assassino, chamado Constantino e que também
percebeu o mesmo.
As religiões teriam gostado que os seus profetas nunca
tivessem sido humanos. Por isso, consideram-nos enviados de Deus na
terra com a missão de estabelecer reinos que serão, depois, governados por homens que se dizem, evidentemente, seus representantes, e terão, assim, não a força dos homens mas a de Deus.
É que, enquanto homens, eles só poderão ser
respeitados, temidos, mas nunca venerados a menos que representem Deus, que
tenham a sua força e o poder imenso de prometerem uma outra vida, eterna e
plena de bem-feitorias ou de castigá-los para sempre.
Os imperadores romanos começaram por ser Chefes de uma
República, escolhidos e vigiados por um Senado... acabaram a querer ser
venerados como deuses.
O poder das religiões emana da fé, arma mágica que retira
aos homens o uso da razão, e até o do próprio instinto da sobrevivência, este, tão
útil aos radicais do Islão na utilização de homens-bomba e agora,
ultimamente, de crianças escolhidas entre as menos inteligentes.
O homem sempre matou outros homens mas quando o faz
por motivos religiosos, fá-lo com mais alegria e felicidade.
Apercebemo-nos desse facto pela reacção registada em
vídeo e mostrada ao mundo, dos irmãos terroristas que expressaram bem o grau de
satisfação quando gritaram que o Profeta estava vingado, mesmo sabendo que em
breve iriam ser mortos, a seu desejo, pelas forças policiais francesas.
Maomé não pode chorar porque um homem que chora é
fraco tal como o é um homem nu.
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