Em baixo, as pedras das ruínas do que foi a Grécia antiga. |
As Sementes
da Democracia
A civilização grega terá sido o mais importante
contributo para o progresso da civilização humana.
Foi na Grécia do período clássico – no famoso Século
de Péricles – que o homem se libertou de crenças, preconceitos sociais e religiosos
e, pela primeira vez de forma sistemática, se interrogou sobre o mundo que o
rodeava.
Foi ali, durante esse período, quando deixaram de
existir os condicionalismos psicológicos, educacionais e religiosos que
anteriormente aprisionavam a mente humana, que nasceu o conceito de liberdade
tal como hoje o entendemos na medida em que questionava até o proprio
conhecimento – só sei que nada sei!
A Filosofia nascida na Grécia, é a expressão máxima da
liberdade do pensamento humano.
A forma de governo adoptada em Atenas, após a
destruição da cidade provocada pelas Guerras Pérsicas, representa um avanço
civilizacional extraordinário como jamais outro tinha acontecido.
Seria necessário esperar pela Revolução Francesa e
pela Independência Americana, mais de 20 séculos depois, para se recuperar o
princípio que o poder dos governantes reside no povo e só dele emana.
Como se alcançou momento tão excepcional é algo que
ainda hoje podemos sentir viajando pela Grécia.
Favorecida pela geografia que lhe abria a porta para
novas culturas e rotas comerciais, pela acidentada orografia que a protegia das
invasões e ataques inimigos, pela amenidade do clima que convidava à discussão
nas “ágoras” e “areópagos”, as cidades gregas reuniam as condições para a
ocorrência de uma mutação civilizacional singular: o nascimento da democracia.
A língua e a escrita grega
tiveram uma grande importância na difusão das ideias, na consolidação do seu
pensamento e na estruturação das suas crenças.
Nos primórdios, em Creta e
em Micenas a escrita grega era pictográfica, e foi nela que se gravaram as
famosas tábuas de argila descobertas no palácio de Cnossos pelo arqueólogo
Arthur Evans, e que o genial Michael Ventris, ao decifrá-las demonstrou terem
por base a fonética e a língua gregas.
É nesse período – chamado
período arcaico – que têm raízes as grandes lendas e mitos que lhes estão
associados: as lutas de titãs e a criação do mundo, a guerra de Tróia, a
“Odisseia”, o Minotauro, Dédalo e Ícaro, os argonautas, etc...
A “Ilíada” de Homero – e em
certa medida a “Odisseia” – grafada já na nova escrita baseada no alfabeto
fenício, representa para os gregos a mesma referência de crenças e valores que
a Bíblia simboliza para os judeus.
Mas, ao contrário do
pensamento judaico, que é teocêntrico - que considera Deus como o centro de
tudo – nos gregos tudo é humano, e tudo se realiza à escala humana.
Isso é bem visível na
escultura, onde se exalta o corpo humano dos jovens rapazes nus ou das jovens
raparigas discreta e pudicamente vestidas com as suas longas túnicas.
Nunca os judeus
representaram assim os seus heróis.
Na Renascença italiana seria
Miguel Ângelo quem haveria de esculpir no mármore, à maneira dos gregos, o
jovem David.
Com as suas contradições, as
suas guerras, as suas ambições, a sua diversidade, o mundo grego representa um
modelo que pode servir para simbolizar o mundo actual.
Estudar aquela cultura e os
seus caminhos é estimulante e pode ajudar-nos a compreender o mundo de hoje e
antever o seu destino.
As dimensões são diferentes,
a Ática e o Peloponeso deram lugar aos novos continentes – a América e a Ásia à
cabeça – e os mares Egeus e Jónico são agora todos os oceanos da terra.
Mas ao contrário do mundo
dos gregos que eles imaginavam infinito, o nosso tem as fronteiras à vista e em
cada dia que passa, tomamos disso dolorosa consciência.
NOTA - A Grécia vive neste momento uma fase crucial para o seu futuro com a vitória do Sirysa e as actuais negociações com as autoridades europeias.
O seu dia de amanhã vai continuar a ser de austeridade porque não há milagres. Resta aos gregos escolherem se vão viver essa austeridade com mais dignidade e menos humilhação... mesmo que num regresso ao velho dracma e a um começar de novo.
Há sempre um plano B mesmo quando não se diz que há... e não esqueçamos que não foi o povo grego que contraiu a dívida, foi uma oligarquia, um grupo restrito de pessoas que depois de a ter contraído a geriu fazendo recair o seu pagamento sobre o Estado social que está a desaparecer na Grécia progressivamente com as pessoas a ficarem abandonadas, entregues a si próprias de forma completamente desumana.
Destruir o Estado Social de um país europeu é destruir esse mesmo país mas este é o caminho que está a ser seguido...
Os gregos não decidiram comprar 4 submarinos aos alemães, mas são eles que os irão pagar. Os credores responsabilizam os países e não os oligarcas que, inclusivamente, enriquecem com essas dívidas. Foi assim na Grécia, foi assim em Portugal.
Todos ouvimos o Ricardo Salgado a dar 1 milhão a cada um dos 5 ramos da família e a pedir-lhes desculpa por ter deixado fugir para outras mãos mais 20 e tal milhões, queixando-se que estava rodeado de aldrabões...
Há sempre um plano B mesmo quando não se diz que há... e não esqueçamos que não foi o povo grego que contraiu a dívida, foi uma oligarquia, um grupo restrito de pessoas que depois de a ter contraído a geriu fazendo recair o seu pagamento sobre o Estado social que está a desaparecer na Grécia progressivamente com as pessoas a ficarem abandonadas, entregues a si próprias de forma completamente desumana.
Destruir o Estado Social de um país europeu é destruir esse mesmo país mas este é o caminho que está a ser seguido...
Os gregos não decidiram comprar 4 submarinos aos alemães, mas são eles que os irão pagar. Os credores responsabilizam os países e não os oligarcas que, inclusivamente, enriquecem com essas dívidas. Foi assim na Grécia, foi assim em Portugal.
Todos ouvimos o Ricardo Salgado a dar 1 milhão a cada um dos 5 ramos da família e a pedir-lhes desculpa por ter deixado fugir para outras mãos mais 20 e tal milhões, queixando-se que estava rodeado de aldrabões...
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