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O que restou... 75.000 anos depois. |
O
Grande Teste
- A Explosão do Vulcão
Toba
Este parece ter sido, na realidade, o maior teste pelo qual a humanidade passou. Sobreviveram tão poucos que bem podemos dizer, a partir de então, que somos todos filhos do Toba.
A
sobrevivência da nossa espécie, como de qualquer outra, resulta de um processo
permanente de mudança sem destino, sem hora marcada, nem tão pouco com futuro
assegurado.
Umas vezes somos nós próprios que
introduzimos esses factores de mudança provocando as chamadas revoluções,
outras vezes a mudança acontece por força de fenómenos geológicos, repentinos e
inesperados, alguns com consequentes alterações climáticas que obrigam a
grandes alterações nas nossas vidas na tentativa de sobreviver adaptando-nos a
essas alterações.
Desses cataclismos naturais,
contemporâneos da nossa espécie, o de mais graves consequências, aconteceu há
75.000 anos com a explosão do vulcão Toba, na Indonésia.
A dimensão e intensidade foram tão
grandes que em consequência a temperatura do globo teria baixado até 12 graus originando
uma nova era glaciar que se prolongou por mais de mil anos.
O exame do ADN mitocondrial, através
da análise das mutações, parece comprovar que todos nós, os mais de 6 mil
milhões de pessoas que hoje habitam o nosso planeta, descendem de um pequeno
grupo de mil a dois mil sobreviventes desse enorme cataclismo.
Maior que essa revolução que nos
colocou no limite mínimo do numero de indivíduos suficientes para assegurar a
sobrevivência da espécie nunca terá acontecido.
Um super vulcão destes, situado por
baixo do Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA, estará em vésperas de
explodir o que, em termos geológicos, significa a qualquer hora ou daqui a 10.000 anos.
Paradoxalmente, parece que foram
essas novas condições resultantes da explosão do vulcão que não tendo
exterminado a nossa espécie, acabaram por ser decisivas para a verdadeira
eclosão do Homo Sapiens, Sapiens.
Realmente, é difícil explicar tão
pouca diversidade de ADN, senão for através desse cataclismo que terá posto fim
a todos os restantes ramos do Homo Sapiens que habitavam a terra permitindo
apenas a sobrevivência desse pequeno grupo do qual todos nós hoje descendemos.
Há pesquisas
que indicam que o número de mulheres teria chegado apenas a umas 500 e durante
séculos qualquer uma dessas gerações poderia ter sido a última.
Calcula-se que terão sido necessários
20.000 anos para que a curva da recuperação trouxesse a população para os
níveis anteriores.
A um passo da extinção não só
conseguiram recuperar e também evoluir porque foram capazes de forjar as
respostas para os problemas da escassez da vida vegetal e animal subsequente.
A erupção em si terá durado cerca de
duas semanas e alguns dos nossos antepassados terão morrido logo como vítimas
directas da erupção, mas a crise populacional detectada pelos geneticistas terá
resultado da queda da temperatura em todo o planeta que terá atingido entre os
5 e os 12 graus conforme as fontes.
Muitas das plantas não conseguiram
mais germinar, os animais morreram aos milhares espalhando pelo solo carcaças
putrefactas.
Com a formação das geleiras o nível
dos mares desceu deixando à mostra uma paisagem em que o solo podia ser varrido
pelo vento.
Traços do cálcio do solo disperso
podem ser hoje encontrados nas geleiras da Gronelândia demonstrando que deve
ter havido tempestades de areia por dias a fio, matando as plantas e privando
humanos e animais das fontes de alimento.
Famintos e desesperados teria sido
muito difícil aos sobreviventes gerar filhos e ainda mais criá-los.
Assoladas pela fome as crianças
teriam sido as primeiras a morrer seguidas pelas mulheres. Foi um duro golpe, o
mais terrível, para a nossa espécie.
As populações que já teriam
abandonado as zonas tropicais e subtropicais devem ter sido dizimadas pelo frio
e nas latitudes mais altas os Neandertais, embora biologicamente mais
adaptados, aparentemente declinaram em número e abandonaram o norte da Europa.
O Homo Sapiens sobreviveu porque
existiam então no mundo três áreas tropicais de grande índice pluviométrico
cujo solo conseguia sustentar maior número de pessoas e essas áreas estavam
todas em África onde existem evidências de expansão humana depois do cataclismo
com ferramentas e gravuras de há 70.000 anos que atestam focos de
desenvolvimento anteriores a qualquer outro lugar.
Assim, de uma coisa parece podermos
estar certos, devemos a nossa existência a essas populações que por sorte e
engenho conseguiram sobreviver ao desastre ecológico.
Esse super vulcão está hoje escondido
debaixo do lago Toba, a norte de Sumatra e pode ser visto do espaço. Milhares
de anos de chuva encheram de água a cratera do vulcão transformando-a num lago
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