quarta-feira, maio 06, 2015

Poupem-nos...

As Próximas eleições


em Portugal







Tal como as coisas estão de aqui até Outubro vai parecer uma eternidade porque é quase meio ano de campanha eleitoral que vai esgotar a nossa paciência.

 

Ontem mesmo, foi o lançamento de uma Biografia de Passos Coelho, oportunidade para grandes elogios, em cuja cerimónia nenhuma personalidade do CDS compareceu a testemunhar o seu desagrado. Irmãos desavindos, o que seria se não estivessem coligados...

 

Uma Biografia a propósito de quê? - Se Passos Coelho vai ser julgado pelos portugueses nas próximas eleições em Outubro, se nos governa desde 2011 tendo, por esse motivo, dado suficientemente a conhecer-se aos cidadãos numa situação de máxima de exposição como a de 1º Ministro, para quê a cerimónia da Biografia que não seja para discursos de elogio eleitoralistas?


Quase seis meses em que quase tudo terá uma conotação de campanha eleitoral com uma população castigada pelas medidas de austeridade, descrente da acção dos políticos e do seu próprio futuro.


Eu não sei se os cidadãos estão desertos para irem votar mas eu penso que uma campanha muito prolongada torna este processo desgastante, fastidioso, não ajuda a democracia, diminui a credibilidade dos políticos e afasta mais ainda os cidadãos das urnas.


Quase meio ano é, na realidade, muito tempo e só não vê tal o Presidente da República que parece fazer questão em continuar alheado dos cidadãos, agarrado à sua Agenda política, castigando-nos com este período em que toda a acção dos políticas é suspeita de caça ao voto. Para isso temos os períodos de campanha eleitoral definidos na lei, não meio ano.


É verdade que as esperanças são poucas mas a legitimação ou o refrescar do poder ao fim de 4 anos é um factor que reforça a acção política seja do que fica ou do que vem de novo.


Os nossos governantes têm uma margem de acção muito diminuta. Estamos na Comunidade Europeia e a política desta é a dos países que dela fazem parte.


Veja-se, agora, o caso da Grécia que não sabemos bem ainda como vai acabar mas muito provavelmente com a cedência às exigências feitas pela Alemanha ou por Bruxelas, que é a mesma coisa, e se traduzem na continuação das medidas duras para o povo grego.

O pior é sempre as pessoas: os velhos, os pensionistas, os doentes crónicos obrigados a escolher entre comer e pagar os remédios, desempregados e os jovens com poucas perspectivas de futuro.

São muitos os descontentes e com muitas razões de queixa não só pela política de que foram alvo como também pela maneira como foram tratados por Passos Coelho.


Mandados embora para a emigração, responsabilizados pelo que aconteceu porque gastaram de mais e sempre atirados uns contra os outros: trabalhadores do privado contra os do público, os jovens contra os velhos e permitindo que amigos seus quase fizessem pouco de nós como foi o caso do Relvas e volta agora a ser o do Dias Loureiro apontado como exemplo de empresário à Nação...

 

Sempre me pareceu uma inevitabilidade os sacrifícios que nos esperavam na sequência do Acordo da Troyka mas este jovem senhor faltou-nos ao respeito como governante quando decidiu passar para os trabalhadores o total dos descontos para a Segurança Social, como sempre, até aí, repartidos entre trabalhadores e patrões, e veio comentar a decisão à saída do Teatro depois de uma festa ao Paulo de Carvalho onde exercitou as suas qualidades do belo canto com a canção da Nini.


No outro dia a população portuguesa veio para a rua na maior manifestação de protesto jamais feita depois do 25 de Abril num protesto de raiva silenciosa que fez Passos Coelho recuar na medida.


Quando se tomam determinadas decisões especialmente lesivas dos interesses dos trabalhadores, devem ser previamente explicadas e discutidas e nunca apresentadas de surpresa e, menos ainda, comentadas à saída de uma noite de festa. Fosse o povo português de reservas e este homem não teria mais futuro político no país.


O povo pouco sabe de Tratados Orçamentais, Mercados, Taxas de Juro, Deficits, mas há uma coisa que ele já aprendeu: atrás destas palavras está sempre uma ameaça para eles que são no país os destinatários dos sacrifícios.

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