Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
quinta-feira, maio 07, 2015
sms, carta ou terão sido sinais de fumo?...
Os Episódios
na
Política
Quando
no Verão de 2013 Paulo Portas informou Passos Coelho que tinha tomado a decisão
irrevogável de se demitir e pôr ponto final na Coligação não se tratava de
nenhum episódio da cena política.
Pelo
contrário, era uma decisão importante e de grandes consequências para os
portugueses contabilizada, de resto, em muitos milhões de euros por causa da
repercussão que teve no agravamento da taxa de juros num mercado financeiro
muito sensível, tudo agravado pela demissão do Ministro Victor Gaspar que
desencadeia o processo.
Episódico é saber agora se Portas informou o 1º Ministro da sua decisão por sms, segundo
diz Passos Coelho, ou por carta de acordo com o que diz Portas.
Por
carta ou sms, tornou-se num episódio da política porque o veículo da informação
tem o seu valor. Assim, o sms é para recados, não demonstra respeito pelo
destinatário, enquanto que a carta é um documento com prestígio.
Na
volta, Passos Coelho, também no veículo dos recados, informa Portas por sms que
tinha nomeado Maria Luís para Ministra das Finanças.
Portas
e Passos não se gostam, são muito diferentes e por mais que o primeiro sorria e
o segundo mostre os alvos dentes, é perceptível
que há uma tensão entre estes dois homens em vez de coesão.
Do ponto
de vista ideológico estão a léguas. Portas é um democrata-cristão, privilegia a
pessoa humana e a família enquanto que Passos é um liberal, preocupa-se com as
empresas e os mercados, isto grosso modo.
Esta
“guerrinha” de sms e cartas traduz um desejo de afirmação recíproco em que cada
um quer impor-se ao outro pelo que não é inocente e tão episódico como parece à
primeira vista.
Não é,
de certo, coisa de garotos mas de homens que no fundo se detestam e que só
continuam em Coligação para não entregarem o poder de mão - beijada ao Partido
Socialista.
Eu não
sei se os portugueses seguem estas lutas surdas entre os chefes, desmentidas a
pés juntos por outros líderes partidários que falam em coesão.
Provavelmente,
estão mais interessados nos enredos das telenovelas ou preocupados em
contar “tostões” para decidirem se compram comida ou remédios.
O que
resta da classe média que não está, desde já, cativa de qualquer um dos dois
campos, só pode olhar estes episódios de forma preocupada porque se traduzem em insegurança no futuro já que mostra a
fragilidade da Coligação e se no Verão de 2013 houve uma decisão
irrevogável de Paulo Portas que, afinal, foi revogada, o que nos espera será
instabilidade política.
Infelizmente,
a última maioria absoluta do PS com Sócrates, que depois passou a minoria e
acabou mal, ensombra o eleitorado de esquerda ou centro esquerda mas que no
nosso país se aguenta razoavelmente sem se esfrangalhar em partidos de protesto
como acontece na vizinha Espanha, França, Grécia e, também é verdade, que entre
Costa e Sócrates vão abismos de diferenças embora ambos do mesmo partido.
Passos
Coelho, teimoso e sobranceiro está, com estes episódios a dar trunfos a António
Costa que, por sua vez, se desdobra junto da sociedade civil portuguesa
tentando ganhar a confiança para si e para o seu projecto.
Tem já
um Documento para a Década que foi bem pensado e está agora a ser digerido
pelos membros mais influentes do partido que irão transformá-lo no Programa de
Governo com alterações, já foi dito, quais logo se verão mas deve andar tudo à
volta, mais uma vez, da famigerada Taxa de Desconto para a Segurança Social que
eu, pessoalmente, gostaria muito que a deixassem como está e sempre esteve.
Comecei
a minha actividade profissional em 1968, exactamente pela Segurança Social como
Chefe da Secção de Contribuintes e Contencioso da Caixa de Previdência de Santarém,
era assim que se chamava, pelo que os descontos para a Segurança Social constituíam
precisamente o meu trabalho.
Não por
isso, é evidente, considero a Segurança Social um pilar da sociedade e as suas
receitas tão objecto do “sagrado” como os impostos.
Por
alguma razão, ao longo dos anos, ninguém na Europa lhes mexeu excepção feita,
recentemente à Suécia, o que significa o consenso existente sobre a importância
destas receitas.
Tenho
esperança que o Programa do PS também não lhes mexa. Ontem, no seu programa
semanal, Bagão Félix, perito em contas, mostrou o rombo de milhares de milhões
que essa mexida poderia representar num futuro próximo.
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