segunda-feira, junho 22, 2015

Tsipras e Varoufakis













"Nem um nem outro foram gerados pela ideologia. Foi a carência económica e o desespero social de um povo que os tornou possíveis e mesmo necessários".
Hoje, 2ª Fª, irá haver uma decisão que não será, com certeza, definitiva mas que não passará, também, pelo abrir de portas de saída do euro para a Grécia.
A última cedência do governo grego irá ajudar, pelo menos, a empurrar com a barriga o problema para a frente.
Acredito que Merkel seja suficientemente responsável para não deixar cair a Grécia fora do euro criando à sua porta ainda mais dramas do que aqueles que já existem.
Tsipras e Varoufakis têm feito tudo para defenderem os interesses de quem os elegeu e continuam a apoiar para além da miragem que sempre foi o fim da austeridade.
As miragens são necessárias, estimulam o viajante do deserto a prosseguir a caminhada até àquela linha de água tremeluzente que tentadoramente nos convida lá mais à frente.
Sem essa visão para quê continuar o esforço da caminhada? 

Eu já a vi no deserto de Moçamedes, em Angola, porque ela é tão real que se oferece a todos, caminhantes sedentos de água ou simples visitantes.
É uma mentira dos nossos sentidos, tão mentira como o “fim da austeridade” mas o que seria a nossa vida sem as mentiras que alimentam os sonhos?
Então, aquela dívida da Grécia, mesmo já objecto de perdões, não continua a ser uma mentira?
Toda aquela situação que levou à criação de uma dívida monstruosa, desde jogos Olímpicos, tanques e submarinos, não terá sido tudo uma mentira pegada?
Ouvir a Maria Luís falar de uma “almofada financeira” de 17 mil milhões de dívidas agora contraídas aproveitando a baixa de juros, não é, igualmente, uma mentira?
A insistência e teimosia com que o Sr. Shauble, Ministro das Finanças alemão, pretende continuar a "vender" aos países mais pobres do sul da Europa, por igual, uma política de austeridade que em tempos deu resultado na Alemanha, não é uma mentira?
Afirmar que essa política é boa porque deu bons resultados fechando os olhos a todas as consequências sociais da sua aplicação, desde o desemprego, quebras do tecido produtivo, emigração forçada dos jovens, aumento da pobreza, até àqueles que simplesmente caem na rua por não terem mais nada... não será uma tremenda e cruel mentira?
E esta Europa, meus amigos, não estará ela própria a transformar-se numa mentira, numa miragem igual à que vi no deserto de Moçamedes, lençol de água fresquinha , tremeluzente e sedutora que deveria corresponder a um futuro prometedor de paz e segurança para os nossos filhos e netos, tal como nos foi prometido pelos construtores da Europa?
A Zona Euro, tal como está agora, não é sustentável e não reconhecer isto é uma mentira, uma mentira que inebria. 

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