A minha cidade de Santarém |
Hoje é Domingo
(Na minha cidade de Santarém em 26 /7/15)
Convencionou-se que na sociedade as pessoas
se dividem entre conservadoras e progressistas, direita e esquerda e no regime
fascista do Salazar pretendeu-se, até, confundir os cidadãos de esquerda com os
comunistas. Uma espécie de bons e maus, ricos, poderosos e injustos, de um
lado, pobres, fracos e justos, do outro.
Em suma, os conservadores pretendiam a
manutenção das coisas tal como elas estavam, o tal “statuo quo”, que correspondia
aos seus interesses e os progressistas, os de esquerda, desejavam alterar esse
“statuo quo” para romper com privilégios e interesses há muito adqui ridos podendo ir-se até à revolução, alteração
dramática e violenta da situação, ao que os conservadores respondiam com o
imobilismo e reforço da actual forma de vida em todos os aspectos, religiosos,
sociais e, claro, económico financeiros.
De imaginação débil por falta de prática e
vocação, os conservadores cediam aos progressistas, engenhosos e imaginativos,
desprendidos dos interesses existentes, as ideias novas, brilhantes, que
traziam progresso e avanços para a humanidade.
Estes conceitos formatavam as ideias das
pessoas da minha geração e mantém-se ainda com alguns resíduos de veracidade
nos tempos actuais mas as coisas mudaram.
Existem hoje perigos na sociedade que exigem
firmeza mas também inteligência e profundidade na pesqui sa
das soluções e aqui , esquerda ou
direita não têm assinatura garantida.
Estou a referir-me aos terroristas suicidas,
especialmente jovens, que se juntam ao Estado Islâmico para serem carne para
canhão, fazendo –se explodir no meio de ajuntamento de pessoas para provocarem
o maior número de vítimas.
O “homem e a sua circunstância” ajudam a
explicar muito dos comportamentos humanos mas este situa-se no mais profundo do
espírito humano, já num estado de demência em que a própria natureza se
confronta consigo própria negando-se a si mesma.
Cameron, 1º Ministro inglês, do partido
conservador, contrariando o imobilismo e a falta de imaginação dos homens de
direita, decidiu apresentar uma solução não só nova mas revolucionária, para além
do óbvio que é perseguir não só os autores das violências islâmicas mas também
os discursos que as inspiram.
Cameron, resolveu atacar a sério com uma
medida de carácter revolucionário, ele, que é conservador.
Na cidade Birmingham, cidade inglesa onde
vive uma grande percentagem islâmica, mais de 20%, decidiu levar às escolas
jovens yasidis fugidas do Estado Islâmico.
Os yasidis são um povo islâmico que vive entre o Iraque e a Síria. Com a criação do Estado Islâmico os homens yasidis têm
sido mortos e as mulheres vendidas como escravas.
Para os jovens muçulmanos de Birmingham, uma
coisa é ouvir o discurso de em que o ódio se esconde sob a desculpa de
vitimização, e outra é ouvir o testemunho de quem aos catorze anos foi vítima
de violações sistemáticas no “encantador” califado.
Dois olhos e uma voz ao vivo, mostrando o
horror pessoal, podem ajudar a desmontar o fascínio que até torna atractivos vídeos
de cortar cabeças.
Mais de 700 britânicos combatem hoje no EI.
Discursando a 20 de Julho, Cameron, contra essa atracção e rompendo com a
tradição, não falou de “comunidades”, não acariciou a ideia da diferença,
espantou-se com ela:
- “Há
gente que nasceu e cresceu neste país e não sente ligações com a Grã-Bretanha,
o que é uma verdade trágica”...
A obrigação é fazer do novo país, desse novo
lugar a sua terra adopt iva não
esperando que ela lhe dê mas fazendo-se dela. Só assim é que o imigrado passa a
uma qualidade superior – não, não são direitos – é uma nova obrigação em que
ele dá à nova terra aqui lo que ele, imigrado, trouxe da antiga.
Cameron está a adopt ar
essa nova exigência o que é, na verdade, revolucionário.
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