Quando vejo uma fotografia de homens deitados no chão barrando com
os seus corpos o caminho de um touro à saída do curro e à entrada na arena,
fico com sérias dúvidas sobre a total sanidade mental da espécie humana actual.
Exactamente a mesma dúvida que me assalta quando jovens
portugueses que enfileiram no movimento da jihad e se deixam matar
protagonizando ataques suicidas.
Uma curiosidade enorme faz-me sentir, então, vontade de recuar no
tempo até aos nossos avós do paleolítico, o homem de Cromagnon, que vivia em
comunhão com a natureza, aqui na
Europa, e tentar saber se comportamentos deste tipo existiam ou se seriam
compreendidos por esses nossos antepassados.
Não estou a referir-me à violência ou à crueldade porque essas sempre
existiram, fazem parte da nossa natureza e sobrevivência. O que aqui está em causa é o desprezo pela vida, o risco
inútil.
No que estou a pensar é que, provavelmente, nesses tempos, a nossa
vida era escassa, de tal forma que não fazia sentido nenhum, não tinha
cabimento, desperdiça-la de forma gratuita, inútil, irracional ou meramente
exibicionista.
O convívio íntimo com a natureza ao nível de toda a comunidade,
implica uma mensagem permanente do bom senso, se é que se lhe pode chamar
assim, que regula os fenómenos em que estamos integrados.
A sociedade de massas, a concentração de populações em pequenos
espaços como são as grandes cidades, onde milhões de pessoas se aglomeram e
acotovelam, constitui um factor de pressão que pode acarretar distúrbios da
mente.
Podemos, se qui sermos
um termo de comparação nos dias de hoje, observar os bosquímanos ou os pigmeus,
grupos em vias de desaparecimento, os mais antigos, geneticamente, da
humanidade, para perceber como o seu comportamento no grupo social de que fazem
parte nem sequer concebe comportamentos alienantes deste tipo.
A vida na dependência da natureza é muito exigente. Cada homem e
cada mulher tem que saber “ler” em cada “gesto” de tudo o que mexe e por vezes não mexe, à sua volta.
A escola é-lhes servida, em criança, não dentro de uma sala de
aulas mas em todo o cenário que as rodeiam e os professores são todos os
membros do grupo em aulas teóricas, à noite, à volta da fogueira, e as
práticas, de dia, seguindo os adultos, vendo com atenção tudo quanto eles fazem
na minúcia e pormenor de cada movimento num desafio à inteligência de cada um.
Quem estudou estas sociedades não teve dúvidas nenhumas em afirmar
que elas são as melhores e as mais felizes pessoas do mundo... ou pelo menos
eram.
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