Luz Verde?

Li hoje, com um suspiro de alívio, no meu jornal de referência com que começo todos os meus dias, o Diário de Notícias, sem o qual o café e a torrada não sabem tão bem, que o cenário Grexit (saída da Grécia) foi abandonado.

Eu sou português mas também sou europeu e sempre que me desloquei em passeio a qualquer país da Europa, não obstante as dificuldades das línguas em que realmente não sou bom – sê-lo-ei em alguma coisa? – senti-me entre os meus e aquela ideia de fazer do conjunto de todos estes países um espaço não separado por fronteiras pelas quais se passa hoje livremente, ao contrário do que acontecia, foi uma ideia brilhante e corajosa.

Durante grande parte da minha vida, eu que viajava por prazer e para conhecer, naturalmente sempre trazia uns “recuerdos” como todos os turistas faziam, e por isso a aproximação às fronteiras era sempre um momento de expectativa antipática.

- Será que eles se vão meter com as minhas coisas? e era com alívio que ouvia do guarda fronteiriço a indicação de “siga”.

Recordo uma passagem pela fronteira de Perpigna, de França para Espanha em que quase me desmontavam o carro e viram papel por papel apenas porque, enfim, na escolha aleatória de carros a revistar, me calhou a mim.

A livre circulação de pessoas por todo o espaço europeu senti-a como uma lufada de ar fresco, de  promoção de cidadania, de liberdade.

Bem ou mal, com todas as incorrecções na construção, incluindo as que não foram ingénuas, a ideia de passarmos a ser todos um bloco foi uma ideia acertada de todos os pontos de vista: política, económica, social e monetária, mas um bloco é uma unidade, da mesma maneira que uma pedra é uma pedra.

Se tirarem um bocado a uma pedra passa a pedra partida que é diferente de uma pedra. Se a acrescentarem será uma pedra maior.

“O cenário da saída já não está a ser considerado” terá sido garantido por Mina Andreeva, porta-voz do Presidente da Comissão.

Renasce a esperança de que talvez a Europa não venha a ser uma pedra partida...