Creio que hoje em dia, com a velocidade, diria mesmo instantaneidade, com que circula a informação, desde notícias, comentários, simples desabafos, a simpatia dos povos, ou o seu contrário, é um valor que vai formando a imagem que temos deles.
Resta saber qual a importância desse valor no relacionamento das
sociedades umas com as outras, especialmente agora, quando se circula
livremente por todos os países.
Simpatia, na prática, significa afectividade e quem é que não
gosta de ser amado? – Pelos vistos, Merkel, Shaueble e os alemães que os
suportam eleitoralmente, não apreciam a afectividade dos outros ou,
simplesmente não lhe atribuem grande valor.
A mim, parece-me que essa história do afecto e da simpatia, para
eles, é uma questão de pieguice dos povos mediterrâneos de crença católica, calões
e propensos ao sentimentalismo, uma maneira de pensar e sentir que o “nosso”
Passos Coelho partilha, pela frieza e distanciamento com que viveu, ao longo de
quatro anos, os sacrifícios dos seus concidadãos.
Não me parece, por isso, que o seu capital de simpatia junto dos
portugueses seja por aí além faltando saber se isso irá ter alguma consequência
nas próximas eleições.
Que ele representa no nosso país a linha dura e disciplinadora de
Merkel e Shaueble, disso, não parece haver dúvidas mas as pessoas são medrosas
e egoístas e decidem, muitas vezes, não pelo coração mas pelo medo e receio que
lhes incutem.
Na Alemanha, parece que as sondagens favorecem Merkel e Shaueble
porque os alemães, arrogantes e superiores, estão pouco interessados no seu
capital de simpatia, mais interessados em não querem passar por ingénuos e
incompetentes e desde que sejam eles a mandar.
Passos Coelho, agora, em período de campanha, vai tentar iludir os
eleitores com uma simpatia que nunca teve nem terá mas os portugueses são
submissos e, alem disso, muitos estão velhos e esquecidos.
Quem beneficiou muito com o que se passou naquela madrugada do dia
12, em termos de capital de simpatia, foi o Presidente Hollande, especialmente
junto dos gregos que, por sua vez, por terem sido humilhados pelos alemães que
os queriam fora do euro, também ganharam a simpatia de muita gente.
Uma avozinha grega enviou-lhe um objecto de porcelana com o pedido
de ser entregue a Holland e outro, um simples bouquet com quatro flores e um
cartão onde se lia:
- Merci La France !
Estas coisas, agora, correm mundo e começam a mostrar uma rupt ura, mais uma, entre a França e a Alemanha.
Estamos naquela fase em que os alemães atiram com números e os
gregos respondem com o ressentimento e humilhação de que estão a ser vítimas.
Poder-se-à esperar pela compreensão, humildade e solidariedade de
todos os povos da Europa num esforço para viverem todos, uns com os outros, de
uma forma pacífica e digna? – Ou isso nunca fará parte da política?
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