domingo, julho 12, 2015

Largo do Seminário - Santarém
HOJE É 

DOMINGO





(Na minha cidade de 

Santarém em 12/7/15)











Todas as posições de António Costa expostas por si em entrevistas escritas e orais são de uma completa sensatez e com algum optimismo e esperança nos objectivos a prosseguir no futuro que devem estar sempre presentes num líder político.

A situação política na Europa, de que a Grécia é um exemplo extremo, confere um enorme grau de insatisfação e incerteza no futuro, no entanto, embora todos concordem com isso, a crítica que mais se ouve aos amigos do governo é de que ele, António Costa, é indeciso e adepto do “nim” o que é, em si mesmo, uma contradição.

Das duas, uma:

 - Ou a situação política na Europa, da qual fazemos parte e dependemos, é incerta, difícil e até errada nos seus alicerces financeiros, como quase todos os analistas concordam, e então as posições do líder do PS são forçosamente condicionadas por uma questão de coerência e honestidade;

 - Ou vivemos numa realidade ilusória em que tudo está aparentemente bem e o que não está vai lá com austeridade... na obediência acrítica a Merkel e a Shaueble, sem alternativa, como acontece com a Passos Coelho.

António Costa é um político experimentado e um homem de diálogo o que é extremamente importante para os tempos que correm, como ficou provado nos tempos em que liderou a Câmara de Lisboa e conseguiu pontes com todas as forças políticas aí representadas.

Relativamente ao país, o que ele diz de mais essencial na sua campanha que já está em marcha, é de que aceita as regras em que está a funcionar a União Europeia mas através do Partido Socialista no Parlamento Europeu, irá tentar modificá-las de forma a favorecer mais o país.

Este é o “crime” de António Costa para os políticos da coligação: tentar alterar a política actual a que a Europa está subordinada, não concordando com este tipo de austeridade como receita única e cujos resultados estão a provocar graus de insatisfação muito grande nos países mais pobres da Europa que, naturalmente, são ignorados ou desprezados, pelos responsáveis desta política, na Alemanha, para poderem afirmar que ela, a política,  é um êxito, no dizer do Sr Shaueble.

A questão de fundo é esta:

 - Será a moeda única, o euro, tal como está, um factor de união ou, estará ela, na base de desigualdades crescentes?

A União Europeia é uma obra em construção mas dá a sensação de que parou a meio. Atascaram nas dificuldades das Finanças e da Economia.

União Bancária, Fiscal, Políticas Sociais Comuns, Diplomacia Europeia, Defesa Conjunta, onde estão elas?

O discurso de António Costa e o seu pensamento político reflecte estas carências e percebe que tendo chegado nós aonde chegámos temos, imperiosamente, que influenciar o andamento da Europa no sentido do seu aprofundamento.

Afinal, perdemos grande parte da nossa soberania, largamos o nosso escudo, para quê?

Será que eles pensaram bem no que estavam a fazer ou limitaram-se a permitir que os alemães pensassem por todos?

Obrigado Grécia e obrigado Tsipras, vocês representam menos de 2% do PIB europeu mas conseguiram levantar, para incómodo de alguns, toda esta discussão.

Todos os outros baixaram a cabeça à espera que os morteiros caiam ao lado como escreveu esta semana João Garcia, Director da Revista Visão, no seu artigo “Europa entre Trincheiras”.

O Estado grego funciona mal mas Tsipras está inocente porque chegou agora ao poder numa vaga de contrapoder.

É evidente que uma economia de duas estrelas não pode pagar serviços sociais de cinco estrelas, como alguém muito acertadamente salientou. O resultado, ao fim dos anos, é aquela dívida monstruosa já impagável mas, como também tem sido dito, a responsabilidade reparte-se por entre quem empresta e por quem recebe emprestado.

Neste momento, não é só o futuro da Grécia que está em causa, é também o da Europa, do projecto da União Europeia e o melhor que se pode esperar será o adiar por mais uns meses por qualquer solução.

À vista, estão divisões políticas e, mais grave ainda, divisão de povos, do norte contra o sul. A cólera e a intransigência grassam no Norte do continente e fazem prever que Atenas acabe por ficar orgulhosamente sozinha e sem dinheiro, pelo menos este.

Atrás, seguirá a Europa, com os países do norte numa espécie de 1ª Divisão e os do Sul, os “mandriões que não trabalham e só fazem dívidas” num escalão secundário.

Uma situação destas, no Século XIX, e dentro em pouco estaríamos já todos à bulha.

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