Vamos a banhos |
Vem aí o mês
dos
banhos
Entramos numa semana das mais desanuviadas dos
últimos tempos e devíamos escrever isto com letra mais miudinha para não parecer
conversa agoirenta porque no mundo em que vivemos uma tranqui lidade mais tranqui la,
na verdade, já não existe.
Vivemos com as desgraças tão perto das nossas
cabeças que quase temos de andar agachados de tal maneira que qualquer melhoria da situação é
logo pretexto para um respirar mais profundo.
A Europa decidiu atribuir à Grécia um terceiro
resgate de 86 mil milhões de euros que perfazem um total de dívida da ordem dos
400 mil milhões. Tudo bem, porque não é para pagar...
Bem vistas as coisas, continuamos a falar de
dinheiro como se só ele interessasse mas a Alemanha faz de tal maneira finca-pé
nos euros que todos nós acabamos por ir atrás.
Eu próprio já quase que olho para o dinheiro de
outra maneira...
Mas há quem não pense só nos malditos euros e à
última da hora deve ter havido alguém que lembrou que às vezes o caro sai
barato...
A Grécia é uma porta para a Rússia, que o Sr.
Stalin só não a meteu lá dentro porque Winston Churchil (saudades que temos desses
políticos) veio de avião cá a baixo dizer-lhe que tirasse “o
cavalinho da chuva”.
Hoje, teria ainda mais o argumento da Grécia
ser também a porta para o Norte de África, o segundo país da Europa, logo a
seguir à Itália, que mais refugiados recebe daquele desgraçado continente com o
Estado, dito Islâmico, em crescendo.
Os europeus, que não têm a seu cargo a defesa e
a segurança do seu próprio continente, ficam-se pelos euros, discutem os
dinheiros, e o Sr. Shauble até simula (?) um desentendimento com a sua Chanceler
para salvar a honra da sua política.
Para mim, a rapidez com que tudo à última hora
se resolveu a bem só pode ter tido a ver com instruções transatlânticas...
Tsipras viu agora o apoio do seu povo reforçando-o
como líder com mais de 60%, das preferências, o que é estranho depois das críticas de
incompetente, para uns e de traidor para outros, mas os gregos apreciaram-no
pela sua sinceridade, pela sua ingenuidade negocial, pela honestidade de não
mascarar as coisas depois de ter sido obrigado a assinar um acordo com um
punhal apontado ao pescoço, como ele referiu.
O punhal, afinal, estava apontado ao povo grego
e Tsipras limitou-se a dar o corpo ao manifesto...
Eu gostava que os gregos tentassem tirar todo o
proveito possível deste mau acordo que não foi pensado para os ajudar, mas de
uma coisa estou convencido, eu e muita gente amiga dos gregos: a solução para
os problemas da sua economia está, em grande parte, na organização da sua máqui na do Estado e isso tem que ser feito pelo
governo grego com a colaboração de todo o povo nas reformas que são necessárias
efectuar.
Quando, no Sábado, aqui
falei da Grécia referi que ela tinha sido colonizada pela Turqui a, um domínio de 350 anos, até se ter libertado
em 1821, e eu penso que é legítimo que um povo colonizado, dominado,
instintivamente, procure “sabotar” o Estado dominador, nomeadamente, não
pagando impostos.
Fazê-lo, diria que era mesmo patriótico... O
pior é que depois fica a herança constituída por vícios, maus hábitos, enganos,
fraudes, corrupção que já não recaem sobre a potência dominadora mas sim no
novo Estado que é o deles.
Os prognósticos finais para todo este processo da Grécia, da responsabilidade do editor do Financial Times, é que tudo acabará num climax dramático com Tsipras a concordar até ao fim com os credores, mas, para já, as próximas semanas serão de alívio.
O mês de Agosto, o das férias, o dos “banhos”, vem
já aí e logo a seguir a campanha em força para as eleições em fins de Setembro,
princípios de Outubro.
Agora vai ser preciso falar é dos portugueses!
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