segunda-feira, julho 20, 2015

Vamos a banhos
Vem aí o mês 

dos 

banhos













Entramos numa semana das mais desanuviadas dos últimos tempos e devíamos escrever isto com letra mais miudinha para não parecer conversa agoirenta porque no mundo em que vivemos uma tranquilidade mais tranquila, na verdade, já não existe.

Vivemos com as desgraças tão perto das nossas cabeças que quase temos de andar agachados de tal maneira que qualquer melhoria da situação é logo pretexto para um respirar mais profundo.

A Europa decidiu atribuir à Grécia um terceiro resgate de 86 mil milhões de euros que perfazem um total de dívida da ordem dos 400 mil milhões. Tudo bem, porque não é para pagar...

Bem vistas as coisas, continuamos a falar de dinheiro como se só ele interessasse mas a Alemanha faz de tal maneira finca-pé nos euros que todos nós acabamos por ir atrás.

Eu próprio já quase que olho para o dinheiro de outra maneira...

Mas há quem não pense só nos malditos euros e à última da hora deve ter havido alguém que lembrou que às vezes o caro sai barato...

A Grécia é uma porta para a Rússia, que o Sr. Stalin só não a meteu lá dentro porque Winston Churchil (saudades que temos desses políticos) veio de avião cá a baixo dizer-lhe que tirasse “o cavalinho da chuva”.

Hoje, teria ainda mais o argumento da Grécia ser também a porta para o Norte de África, o segundo país da Europa, logo a seguir à Itália, que mais refugiados recebe daquele desgraçado continente com o Estado, dito Islâmico, em crescendo.

Os europeus, que não têm a seu cargo a defesa e a segurança do seu próprio continente, ficam-se pelos euros, discutem os dinheiros, e o Sr. Shauble até simula (?) um desentendimento com a sua Chanceler para salvar a honra da sua política.

Para mim, a rapidez com que tudo à última hora se resolveu a bem só pode ter tido a ver com instruções transatlânticas...

Tsipras viu agora o apoio do seu povo reforçando-o como líder com mais de 60%, das preferências, o que é estranho depois das críticas de incompetente, para uns e de traidor para outros, mas os gregos apreciaram-no pela sua sinceridade, pela sua ingenuidade negocial, pela honestidade de não mascarar as coisas depois de ter sido obrigado a assinar um acordo com um punhal apontado ao pescoço, como ele referiu.

O punhal, afinal, estava apontado ao povo grego e Tsipras limitou-se a dar o corpo ao manifesto...

Eu gostava que os gregos tentassem tirar todo o proveito possível deste mau acordo que não foi pensado para os ajudar, mas de uma coisa estou convencido, eu e muita gente amiga dos gregos: a solução para os problemas da sua economia está, em grande parte, na organização da sua máquina do Estado e isso tem que ser feito pelo governo grego com a colaboração de todo o povo nas reformas que são necessárias efectuar.

Quando, no Sábado, aqui falei da Grécia referi que ela tinha sido colonizada pela Turquia, um domínio de 350 anos, até se ter libertado em 1821, e eu penso que é legítimo que um povo colonizado, dominado, instintivamente, procure “sabotar” o Estado dominador, nomeadamente, não pagando impostos.

Fazê-lo, diria que era mesmo patriótico... O pior é que depois fica a herança constituída por vícios, maus hábitos, enganos, fraudes, corrupção que já não recaem sobre a potência dominadora mas sim no novo Estado que é o deles.

Os prognósticos finais para todo este processo da Grécia, da responsabilidade do editor do Financial Times, é que tudo acabará num climax dramático com Tsipras a concordar até ao fim com os credores, mas, para já, as próximas semanas serão de alívio.

O mês de Agosto, o das férias, o dos “banhos”, vem já aí e logo a seguir a campanha em força para as eleições em fins de Setembro, princípios de Outubro.

Agora vai ser preciso falar é dos portugueses!

Site Meter