segunda-feira, agosto 10, 2015

O futebol tem muito de paixão e loucura...
Jorge Jesus



















Narcisista, tal como Narciso do mito grego, Jorge Jesus apaixonou-se por si próprio quando se viu ao espelho pela primeira vez.

Há quem lhe chame egocêntrico. Um dia, num barco prestes a afundar-se, irá tentar convencer toda a gente que deve ser ele o primeiro a entrar no bote salva-vidas porque se acha mais dotado que todos os outros.

A sua longa e farta cabeleira, que tem oscilado entre o branco e o cinzento, é permanentemente afagada pelos dedos da mão num gesto mais próprio da natureza feminina para chamar as atenções.

O discurso condiz e é coerente com o gesto mas ouvi-lo falar em permanente auto elogio, numa difícil e defeituosa articulação, quase em guerra com as palavras, para mim, chega a ser penoso naquelas intermináveis entrevistas que são agora habituais no fim dos jogos.

Sou insuspeito porque ele é o treinador do meu Sporting mas eu não sou como o Dr. Eduardo Barroso, Prof. Universitário, especialista em cirurgia de transplante de fígados e comentador de futebol num painel na televisão, que é de tal forma apaixonado pelo seu Clube que substituiu as críticas contundentes ao Jorge Jesus, treinador do Benfica pelos elogios ao Jorge Jesus, treinador do seu Sporting.

Como pessoa detestava o treinador do Benfica e o mesmo se passa agora com a pessoa do treinador do Sporting.

Não sou capaz de ultrapassar aspectos de carácter de jogadores, treinadores ou presidentes por serem eles do meu clube.

O futebol deu a Jorge Jesus um palco com uma dimensão que ele não encontraria em qualquer outra actividade e agora, tendo saltado para o outro lado da circular, para o seu Sporting, que foi do seu pai e onde ele próprio jogou, com um presidente à sua medida e jeito, sente-se cada vez mais como peixinho na água.

As suas recentes afirmações sobre o seu anterior clube que atingiram inevitavelmente o colega que lhe sucedeu, Rui Vitória, foram, mais uma vez, de uma deselegância total.

O homem não bebeu mesmo chá nenhum em pequenino, talvez porque tenha entornado o bule.

Com toda a honestidade, eu não sei se ele é o grande treinador que dizem ser, o melhor de todos.

Nos últimos anos ouvi os comentadores fazerem-lhe críticas favoráveis, umas, outras desfavoráveis e, pelo meio perdeu algumas finais, teste máximo a jogadores e treinador, mas ganhou em seis anos três campeonatos, dois dos quais seguidos e nem sequer é justo afirmar que teve a seu favor o demérito dos seus dois grandes rivais.

Para mim, ele está a começar agora do zero com a vantagem, relativamente ao seu antecessor, que tem reforços que Marco Silva, não teve.

A dificuldade, no que me diz respeito, é conciliar o meu sportinguismo, o desejo e satisfação de que ele ganhe, com a antipatia que nutro pelo treinador do meu clube como se já não fosse suficiente o que sinto pelo Bruno de Carvalho, presidente, que começou este ano sem largar o lugar no banco dos suplentes mas mais calmo e silencioso.

Dois galos na mesma capoeira... sinceramente, não bastava um?!...

Sentimentos são sentimentos, podemos silenciá-los mas não negá-los. Não gosto de nenhum daqueles senhores, independentemente de virem a ter muito êxito nas suas funções e oxalá que sim, para bem do meu Sporting que, coitado, não tem culpa nenhuma.

Provavelmente, nenhum outro sportinguista viverá este dilema sentimental com o qual me vou debater nos próximos tempos esperando que, jornada após jornada, as coisas se atenuem... afinal sempre são 65 anos a gostar de um Clube.

O Sporting acabou agora de ganhar 1-0 ao Benfica e conquistar a Super Taça no Algarve.

Triunfou merecidamente confirmando as boas indicações que tinha dado nos jogos de preparação e de apresentação aos sócios com o Roma em que também ganhou.

Disse, acima, que para mim Jorge Jesus está a começar do zero, e embora seja cedo, ao contrário dos espanhóis, eu gosto de ver bons princípios...

Iremos acompanhando, inevitavelmente, o treinador do meu Clube a quem concedi o benefício da dúvida sobre o seu real valor e nem sequer terei que dar o braço a torcer porque não lhe neguei esse valor.

Começou bem: a equipa a jogar com espírito ganhador e jogadores motivados num futebol quase todo agradável de ver.

Site Meter