segunda-feira, setembro 07, 2015

Será que os eleitores vão fazer como as borboletas da traça?
As Borboletas da 


Traça
















Ferreira Fernandes, distinto jornalista do Diário de Notícias, lembrou-se, na edição de Sábado, como lepidopterólogo amador, comparar o caminho de aproximação das sondagens da Coligação ao PS, com o trajecto suicida das borboletas da traça em voo picado sobre as chamas de uma vela onde morrem queimadas.

Ou seja, os portugueses escolhidos na amostra da empresa de sondagens que serviu de base aos últimos resultados, assemelham-se às borboletas no seu voo descomandado em que se precipitam sobre a chama da vela.

Na verdade, assim parece.

 Depois daquilo que Passos Coelho lhes fez nos últimos quatro anos, muito em especial pela forma como os tratou nos primeiros tempos da sua governação, com a arrogância e prepotência, própria dos deslumbrados do poder, quando lhes mentiu para ganhar o seu voto, chamou de piegas e os mandou para fora do país, e cujo ponto alto foi aquela célebre marcha silenciosa pelas ruas das cidades de todo o país, quando, com uma leviandade e desprezo pelos trabalhadores, decidiu, sem qualquer explicação prévia, que a totalidade dos descontos para a Segurança Social, passassem a ser da responsabilidade única da parte mais fraca da relação laboral, os trabalhadores.

A população levantou-se, não em ira, mas atónita, muda de espanto, possuída de uma revolta interior enquanto, nessa noite, Passos Coelho, cantava, fazendo coro com Paulo de Carvalho, a “Nini dos Meus Quinze Anos”, no cinema Tivoli.

Depois, recuou.

Parece, pois, haver um paralelismo entre o evoluir das sondagens e o voo das borboletas em voo picado para um desfecho fatal nas chamas da vela.

Mas, o que Ferreira Fernandes não explicou, é o ardil que está na base, tanto do voo catastrófico da borboleta, como do caminho que está a levar o resultado das últimas sondagens.

Comecemos pelo primeiro.

As borboletas estão neste mundo há muitos milhões de anos, quando não havia velas ou qualquer outra fonte de luz que não fossem os raios luminosos das estrelas do céu, que, dada a distância a que se encontram da Terra, comportam-se como se fossem linhas paralelas, autenticas estradinhas para as nossas borboletas se orientarem para os seus destinos, sem qualquer risco de choques violentos ou mortais.

E foi assim durante toda a noite dos tempos até que, na última fracção das suas já longas vidas, apareceram as luzes das velas, terríveis ardis em que elas, julgando seguir as estradinhas inofensivas dos raios de luz das estrelas, se lançam no caminho armadilhado dos raios da luz da vela.

Olho para a campanha da Coligação e percebo todas as circunstâncias em que ela decorre.

Factores que escapam completamente a Passos Coelho, que nada têm a ver com mérito ou demérito seu, uns de ordem interna, como o ciclo económico – (depois de se estar em baixo só se pode subir, da mesma forma que depois da tempestade só pode vir a bonança, como diria o Astérix)  - com os bancos, finalmente, a emprestarem dinheiro para casas e automóveis, e outros, de natureza internacional, como taxas de juros quase negativas e mínimos dos preços do petróleo, tudo contribuindo favoravelmente para alguns resultados estatísticos que escondem o Portugal invisível, o da pobreza, das pensões miseráveis, dos impostos excessivos, dos salários baixos, da emigração forçada e do emprego falseado.

Para não falar de um Sócrates, ao qual a Coligação também é alheia, e que preso em Évora ou em casa, alimenta o falatório dos telejornais e desfoca a atenção sobre o PS e António Costa, prejudicando-os.

A estas circunstâncias, que é uma parte do ardil, junta-se uma campanha da Coligação no mínimo manhosa, fraudulenta e sem escrúpulos, que explora o medo de uma população envelhecida, desmemoriada, encostada aos últimos anos da vida, tendo de optar entre remédios e alguma comida, frágil, sem esperança, mas medrosa, temendo o pior, perante as ameaças da Coligação, em coro e em uníssono, de mais despesismo do PS e de muitas, muitas, bancas - rotas...

Este é o ardil perfeito que pode levar de novo o povo, depois de ofendido e prejudicado por um 1º Ministro que entendeu ir para além do programa de austeridade da troyka, de novo a Passos Coelho, como as borboletas são levadas, repetidamente, ao holocausto da morte por incineração, das chamas de uma vela.

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