domingo, outubro 04, 2015

Hoje é Domingo

(Na minha cidade de Santarém em 4/10/15

















Não sou crente e, sinceramente, parece-me um arrojo, um atrevimento, enorme pretensiosismo, dada a nossa infinitésimal dimensão num Universo sobre o qual estamos apenas a ensaiar a nossa compreensão, reivindicar para nós, a ideia de um Deus, nosso, Criador e Senhor, não só das nossas vidas, como igualmente de tudo quanto existe.

Estes seres que nós somos, nascidos pequeninos e indefesos, mas constituídos pelos mesmos átomos da explosão inicial que terá estado na origem do Universo, situados num ponto, um mero pontinho, de um sistema solar, de entre milhões deles, de uma galáxia, de entre milhões delas, de "buracos negros e quem sabe, universos paralelos, afirmamos possuir um Deus que não só manda nas nossas humildes vidas, como manda no tal pontinho e em tudo o resto que nós nem sabemos bem o que seja.

Enfim, foi uma ideia interiorizada pelo nosso cérebro que procurou responder à nossa fragilidade como seres vivos, os únicos pensantes, num processo muito difícil de sobrevivência e desenvolvimento, e que mais tarde foi aproveitada pelos criadores de religiões, uma delas a Cristã, que tem agora à sua frente, na versão Católica, a geri-la, um argentino, de seu nome Francisco.

Para os seguidores desta religião, Francisco, será o representante desse Deus na Terra, encarregado de fazer cumprir uma doutrina que foi desenvolvida ao longo dos séculos e que regula a vida dos crentes desde que nascem até que morrem conferindo-lhe, portanto, um grande poder, embora muito menor do que já foi noutros tempos.

Francisco é um homem bom, inteligente, sensível, preocupado com os seus conterrâneos, não só os da sua terra, e do seu credo, mas da sociedade em geral, e aproveita o exercício das suas funções e o prestígio de Chefe de uma Igreja de muitos milhões de seguidores, para denunciar e combater, à sua maneira, as desigualdades, injustiças, fraudes e prepotências dos poderosos... que vão fazendo ouvidos de mercador.

Um mundo perigoso, melhor em muitos aspectos para nosso benefício, do que há séculos atrás, mas cujas melhorias têm a ver com a razão e não com as religiões que tudo fizeram, não só para nos infernizarem a vida, usando um termo que lhes é caro, como para a atrasarem. 

De resto, por causa de uma delas, aqui ao nosso lado, no mundo muçulmano, temos aquilo que temos, e Francisco conhece bem a história dos conflitos religiosos ao longo dos tempos e sabe, igualmente, que os fenómenos da fé tanto despertam a paixão como o ódio, positivo e negativo da mesma realidade, que continuam a levar ao sacrifício, sofrimento e morte.

Francisco, como Papa, é um homem deste mundo como nenhum outro o foi, e intervém, fala com os políticos, procura a paz e o entendimento dizendo que o faz porque “O Senhor o ilumina”, provavelmente para dar mais força às suas diligências mas, na realidade, fá-lo, porque é um homem bom, inteligente, responsável, esforçado e preocupado com os outros homens.

Eu, que não sou católico nem crente, nem preciso de o ser, sou um admirador e fã deste homem, do Francisco, como igualmente sou fã daquele que o inspirou, Jesus da Nazaré, se ele foi como homem aquilo que dizem que foi.

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