(Domingos Amaral)
Episódio Nº 119
No dia em que Abu Zakaria partira, Taxfin
vira-a a caminhar para lá, um pouco antes de o grupo se fazer à estrada. Rezou
para que estivesse escondida e que depois o sepultasse no mausoléu.
O outro falou novamente.
- Haveis ouvido falar de Alamut?
Apesar da escuridão, Taxfim
reparou que o homem usava vestes claras. Lembrou-se que ele andava sempre com
uma túnica branca, apenas com um cinto vermelho onde trazia o alfange e dois
punhais.
Alamut... A lenda era
antiga, Taxfim já a escutara na boca dos que haviam visitado a Pérsia.
Cinquenta anos antes, um
homem sábio tomara conta de um castelo inexpugnável, construído no topo de um
monte íngreme, onde só se chegava por uma das encostas.
“O Ninho da Águia” como
chamavam ao castelo de Alamut ficava numa região montanhosa no extremo norte da
Pérsia.
O homem que durante décadas
ali reinara tinha por nome Hassan-Ibn- Sabbah e criara uma legião de seguidores
islâmicos.
Chamavam-lhe o “Velho da
Montanha” e a sua fama sanguinária espalhara-se.
- Foi ele quem me treinou –
revelou a morte com duas pernas.
Aos dez anos fora retirado
aos pais e entregue a Alamut como acontecia a muitos rapazes da região. Ali
conhecera o líder espiritual e fora educado com a leitura de textos sagrados do
Corão.
- Éramos os seus filhos
queridos e todos o amávamos.
Hassan-Ibn- Sabbah
treinava-os não só para serem dedicados muçulmanos, mas também se tornarem
guerreiros extraordinários, uma cavalaria pessoal para seu uso exclusivo.
Seleccionava os mais hábeis
e formou um pequeno grupo de leais soldados, os fedayn, que davam a vida por ele e pelo Corão.
- Se nos mandasse atirar por
um penhasco assim fazíamos.
Vários morreram à minha
frente, e a sua alma foi ter com as setenta virgens que por nós esperam no céu –
contou o fedayn.
Com o tempo, a seita de
Alamut tornou-se perigosa para os seus vizinhos e o Califa de Bagdad decidiu
destrui-la.
Porém, Hassan-Ibn-Sabbah era
um génio e começou a usar táticas até aí nunca tentadas.
O “Velho da Montanha”
enviava fedayn para as cortes dos
inimigos, para matarem alguém e, cumprido o seu dever, matarem-se também.
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