colhe tempestades, e é bem verdade. Os ódios
de toda a oposição viram-se agora contra Passos Coelho em resposta ao seu
estilo distante e arrogante, ele, que nem sequer tinha pergaminhos políticos ou
quaisquer outros, que pudesse justificar
tal estilo.
Diz também o povo, e é verdade, que às vezes
não é tanto o que se diz mas a forma como se diz... e aquele sorriso fino também
não ajuda. Não há nada que mais desagrade do que um sorriso a acompanhar
assuntos sérios.
Passos argumenta bem. Lembro o debate na
campanha para as eleições de 2011, que ele ganhou com maioria absoluta, e
obteve uma vitória clara no debate com um Sócrates que já sentia o chão a
fugi-lhe debaixo dos pés.
Depois de eleito, no entanto, iniciou o
mandato de forma desrespeitosa para com os portugueses, tivesse ele razão, ou
não.
Não se pode falar em público, sendo 1º Ministro,
e referindo-se aos portugueses, esse colectivo de pessoas onde cabem todas as
realidades, acusando-os de “piegas”, que “viveram acima das possibilidades” ou,
finalmente, não havendo emprego, "devem procurá-lo fora das fronteiras".
Estas afirmações foram acintosas e ofenderam
os portugueses, que não são piegas, não viveram acima das suas possibilidades e
todos os outros que despedindo-se dos filhos e netos, nas estações de comboio ou
dos aviões, não deixaram de ligar esse momento doloroso das suas vidas, às
palavras de Passos Coelho.
Os portugueses, ao longo da sua história,
sempre emigraram para melhorar as suas condições de vida mas não reza essa história
que alguma vez tenha sido o governo a convidá-los a partir.
O deputado Galamba, do PS, queixou-se desta
forma de relacionamento do governante Passos com os portugueses mas não viu
nela uma questão de forma ou estilo.
Para ele, o 1º Ministro, pensa mesmo que os
mais pequenos, pobres e frágeis, não o eram suficientemente, não deveriam
ter acesso a bens e serviços que não estavam ao seu alcance, porque pobres a
quererem fazer figura de ricos dá uma péssima imagem para os credores.
E, com a desculpa que herdara um Estado
falido, atirou-se a tudo quanto era pequeno e frágil, pessoas e empresas, para
que não tivessem veleidades e deixassem o campo aberto aos grandes, àqueles em
que vale a pena apostar.
Eu recordo perfeitamente esse período áureo
do início do governo de Passos Coelho e do seu inefável Ministro das Finanças,
mandado vir de propósito para esse efeito de Bruxelas, e que nos deixava
pendurado em cada palavra que dizia, que essa ideia de castigo e de “meter as
pessoas nos eixos” perpassava, então, no ambiente que se respirava então em
Portugal.
Espiávamos as culpas das nossas desmesuradas
aspirações e do desgoverno de Sócrates que, entretanto, tinha ido estudar para
Paris.
Povo de raízes católicas, sabíamos todos bem
o que era a expiação dos pecados como forma redentora da salvação das almas...
Agora, Passos Coelho, vai ser derrubado,
quatro vezes seguidas - diz aqui no
jornal - para que cada partido, na sua individualidade própria, possa sentir o
prazer da vingança.
Quem semeia ventos...
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