terça-feira, novembro 03, 2015

Vasco Pulido Valente
Vasco Pulido Valente




















A esquerda acabará por pagar este recreio que o Dr. Costa inventou. Saíram das suas cavernas, respiraram fundo e conseguiram mesmo uma vaga impressão de poder, que de certeza os regalou muito”.

Vasco Pulido Valente



Vasco Pulido Valente, traduz aqui, muito bem, o pensamento da direita: são eles que têm o direito, por uma questão de cultura, educação, família e herança, a viverem “regalados” com o poder.

A “esquerda” é troglodita, vive em cavernas, o poder não lhe está destinado e basta um assomo, uma “vaga impressão”, como ele diz, e ficam logo muito “regalados”. Isto, quando o governo ainda é de direita...

Se Costa, por qualquer acidente da vida, morresse agora, a direita em peso não deixaria de o acompanhar até à morada final, com um sorriso interior de grande alívio e satisfação estampada no olhar.

Isto, da política, em enormíssima parte, tem a ver com interesses, empregos, cargos, privilégios que se traduzem em qualidade e requintes de vida, proporcionados por quem está no governo.

Não é o caso de Vasco Pulido Valente, que é licenciado em Filosofia e doutorado em História, por Oxford, como convém... e pode dar-se ao luxo de mergulhar nos aspectos filosóficos/ideológicos da política e, por esse tipo de razões, discordar deste ou daquele governo.

No entanto, Vasco Pulido Valente, começou por ser contra o Salazar, integrando um Grupo de Acção Revolucionária liderado por Jorge Sampaio, e enquanto estudante era mal comportado chegando, por isso, a ser expulso do Liceu Camões, por onde, fugazmente, também passei, transferindo-se depois para o Pedro Nunes, e mais tarde para o Colégio Nuno Álvares, em Tomar, onde estive igualmente durante quase três anos e com quem me devo ter cruzado, porque somos quase da mesma idade. Não tenho, contudo, nenhuma ideia dele, talvez tenha sido apenas de raspão.

Era inconstante, mudou de nome em jovem porque não gostava do que lhe puseram e de esposas já vai na quarta.

Foi para o Governo da Aliança Democrática, de Sá Carneiro, como Secretário de Estado da Cultura e apoiou Soares do Partido Socialista, na sua primeira candidatura em 1986, mas foi pelo Partido Social Democrata que foi para a Assembleia Nacional, em 1995, de onde saiu desiludido com as instituições e a vida parlamentar.

É, pois, um intelectual rebelde, filho de família com tradições, o avô materno, Prof. Francisco Pulido Valente, foi uma eminente figura da medicina portuguesa do séc. XX. Em 1975, o então Sanatório de D. Carlos I, em sua homenagem, tomou o seu nome: Hospital Pulido Valente.

Vasco P. Valente, é definido como ensaísta, escritor e comentador político e, como tal, tem todo o direito de discordar do caminho enveredado por António Costa ligando-se ao BE e ao PCP para governar o país com base no apoio maioritário dos deputados na Assembleia da República daquele dois partidos.

Neste momento, uma grande parte dos socialistas limitam-se a dar a António Costa o benefício da dúvida e a "fazer figas" para que tudo resulte bem.

Os antecedentes do PCP, mais do que os do BE, ligado à Intersindical, da qual dizem ser uma corrente de ventoinha, levanta muitas dificuldades.

A Inter é a maior organização sindical do país, muitas pessoas trabalham e dependem dela, do pagamento da quota dos seus associados e do sucesso das suas greves reivindicativas, sectoriais ou gerais, especialmente aquelas que têm impacto na vida dos portugueses, tais como as dos transportes públicos que afectam a generalidade dos trabalhadores, muitos deles com “passes” já pagos, e se vêm privados de se deslocarem para os seus empregos porque as soluções de transporte alternativo nunca preenchem o total das necessidades.

O Governo de Passos Coelho passou a gestão dessas empresas para a responsabilidade das autarquias e agora fala-se em ser uma empresa privada a tomar em mãos essa função, recebendo do Público uma indemnização que a compense da natureza de um serviço público.

Ora, sabe-se, que as empresas privadas tratam de maneira diferente das públicas, os trabalhadores grevistas e daí a razão porque Jerónimo parece ter envelhecido dez anos nestes últimos tempos, entalado entre os seus fiéis votantes que na campanha quase lhe exigiram: - “corram com eles” e os homens da Intersindical que exigem a manutenção no público das empresas de transportes, para não falar noutras exigências, das que custam dinheiro...

Vasco Pulido Valente conhece toda esta problemática para a qual poderia ter chamado a atenção em vez de usar toda aquela sobranceria intelectual cheia de preconceitos de menino família abastada, desprestigiante e humilhante para as pessoas de esquerda, a que pertenceu em jovem e que, mais uma vez, o definem como criança rebelde, mal educada ou, no mínimo, inconveniente.

Constância Cunha e Sá, uma das suas ex-esposas, que faz comentários diários na televisão, céptica da solução de Costa, não se lembraria, sequer, de chamar a António Costa e aos seus seguidores, “homens das cavernas”.

... Quem sabe se terá sido por causa destes destemperos de língua que se separaram?...

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