António
Costa fez uma campanha suicida nas últimas eleições, primeiro a colar cartazes
parvos sobre um assunto sensível como o desemprego e depois a agitar um Estudo
Económico e pedindo aos eleitores que votassem nele porque era o único que
tinha um Estudo e o agitava para que ninguém duvidasse...
Ao
contrário, Passos fez a campanha certa, utilizando os argumentos certos num
momento que era difícil para si depois de tantos cortes e sacrifícios impostos.
Passos
ganhou com maioria relativa, inclusive, teve mais votos do que o partido
socialista mas, surpreendentemente, quem é hoje o 1º Ministro é Costa e não
Passos.
Então,
parece podermos concluir que enquanto um é bom nas campanhas, nas promessas e
nos argumentos, o outro é bom nas negociações e nos entendimentos, o que revela
que esta é a principal característica de um bom político em desfavor de um bom
vendedor.
Hoje,
a Assembleia da República, parece uma palete de cores porque, ao fim e ao cabo,
o que nós começamos a ver é que cada partido, esquecidas as birras, pouco
abonatórias da credibilidade, vota de acordo consigo próprio, as suas
ideologias, os seus programas.
Aconteceu,
naturalmente, na questão da adopção plena das crianças por casais homossexuais,
mas aconteceu igualmente com as votações sobre a proposta para reduzir para
metade a contribuição extraordinária de solidariedade em que o BE, PCP e PEV
chumbaram a proposta do PS enquanto o PSD e o CDS votaram a favor.
Já
quanto à sobretaxa do IRS, toda a esquerda afinou pelo mesmo diapasão e só o
PSD e o CDS se opuseram, tendo sido aprovada uma solução de carácter
progressivo pela qual BE e PCP se tinham batido nas negociações com o PS.
E
foi mais ou menos assim: os partidos da Extrema esquerda nuns casos alinharam
com o PS, noutros não e a direita deixou de parte as birrinhas e foi igual a si
própria, como deve ser e o Parlamento pareceu uma paleta de cores diferentes
reproduzindo aqui lo que é o país
politicamente, expresso pelo voto democrático.
Deixou
de se ver o voto em “manada” e amanhã, desfeita a PAF, teremos o CDS a votar
diferente do PSD.
É
preciso equi líbrios, as margens de
decisão de qualquer governo em Portugal é muito pequena por razões que todos
nós sabemos.
É
preciso lutar e tentar influenciar em Bruxelas para que as coisas em termos de
política europeia melhorem para os países do Sul, e foi isto que António Costa
sempre defendeu, disse e escreveu, em vez da subserviência a Shauble e a Merkel.
Por
isso, António Costa é o homem certo no lugar certo e independentemente de ele
conseguir, ou não, estes equi líbrios
difíceis com a extrema esquerda, durante mais ou menos tempo, ele está a moldar
o eleitorado e a conqui star votos
para o PS em próximas eleições.
Talvez, quem sabe, para o regresso a um quadro
democrático liderado por António Costa com a maioria de votos, mesmo que seja
só relativa, dada a sua grande capacidade negocial.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home