sábado, dezembro 19, 2015

António Costa






















António Costa fez uma campanha suicida nas últimas eleições, primeiro a colar cartazes parvos sobre um assunto sensível como o desemprego e depois a agitar um Estudo Económico e pedindo aos eleitores que votassem nele porque era o único que tinha um Estudo e o agitava para que ninguém duvidasse...

Ao contrário, Passos fez a campanha certa, utilizando os argumentos certos num momento que era difícil para si depois de tantos cortes e sacrifícios impostos.

Passos ganhou com maioria relativa, inclusive, teve mais votos do que o partido socialista mas, surpreendentemente, quem é hoje o 1º Ministro é Costa e não Passos.

Então, parece podermos concluir que enquanto um é bom nas campanhas, nas promessas e nos argumentos, o outro é bom nas negociações e nos entendimentos, o que revela que esta é a principal característica de um bom político em desfavor de um bom vendedor.

Hoje, a Assembleia da República, parece uma palete de cores porque, ao fim e ao cabo, o que nós começamos a ver é que cada partido, esquecidas as birras, pouco abonatórias da credibilidade, vota de acordo consigo próprio, as suas ideologias, os seus programas.

Aconteceu, naturalmente, na questão da adopção plena das crianças por casais homossexuais, mas aconteceu igualmente com as votações sobre a proposta para reduzir para metade a contribuição extraordinária de solidariedade em que o BE, PCP e PEV chumbaram a proposta do PS enquanto o PSD e o CDS votaram a favor.

Já quanto à sobretaxa do IRS, toda a esquerda afinou pelo mesmo diapasão e só o PSD e o CDS se opuseram, tendo sido aprovada uma solução de carácter progressivo pela qual BE e PCP se tinham batido nas negociações com o PS.

E foi mais ou menos assim: os partidos da Extrema esquerda nuns casos alinharam com o PS, noutros não e a direita deixou de parte as birrinhas e foi igual a si própria, como deve ser e o Parlamento pareceu uma paleta de cores diferentes reproduzindo aquilo que é o país politicamente, expresso pelo voto democrático.

Deixou de se ver o voto em “manada” e amanhã, desfeita a PAF, teremos o CDS a votar diferente do PSD.

É preciso equilíbrios, as margens de decisão de qualquer governo em Portugal é muito pequena por razões que todos nós sabemos.

É preciso lutar e tentar influenciar em Bruxelas para que as coisas em termos de política europeia melhorem para os países do Sul, e foi isto que António Costa sempre defendeu, disse e escreveu, em vez da subserviência a Shauble e a Merkel.

Por isso, António Costa é o homem certo no lugar certo e independentemente de ele conseguir, ou não, estes equilíbrios difíceis com a extrema esquerda, durante mais ou menos tempo, ele está a moldar o eleitorado e a conquistar votos para o PS em próximas eleições.

Talvez, quem sabe, para o regresso a um quadro democrático liderado por António Costa com a maioria de votos, mesmo que seja só relativa, dada a sua grande capacidade negocial.

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