Tenho
direito a falar de José Mourinho. Todos os meses pago dez euros para o Canal de
televisão que me dá acesso à Liga Inglesa onde o vejo.
Claro
que vou continuar a pagar os dez euros porque embora a minha mulher sofra
muito, ela não abdica de ver o seu Benfica também naquele Canal e, sejamos
justos, o melhor futebol, de longe, é o inglês e eu gosto muito de ver o futebol
bem jogado.
O
meu pai, quando eu era miúdo, dizia-me: “quando vês uma bola até cegas...” e
era verdade.
Mais
tarde, substitui a bola de futebol pela de ténis mas aquela forma redondinha,
que era os meus encantos, manteve-se, agora mais pequenina e amarela.
Joguei
ténis até aos 70 anos e só parei porque a minha medula entrou em disfunção e,
por outro lado, o meu parceiro entrou em conflito com a coluna vertebral, mas
nunca esquecerei o prazer que me dava acariciar na mão aquela forma amarela e
redondinha, ligeiramente peluda, que me seduzia e desafiava como se a
raquete fosse a espada e ela o inimigo a quem eu batia.
No
fim, fazíamos as pazes e íamos para casa cansados mas felizes...
Eu
não sei se o José Mourinho é um bom treinador... seria preciso falar em privado
com jogadores treinados por ele e por outros para que se pronunciassem com base
em comparações.
Mas
olhando para o respectivo currículo, é forçoso reconhecer que só pode ser um
bom treinador e estou a pensar no seu trabalho dentro do campo, primeiro
escolhendo os jogadores, depois distribuindo-os, ensinando-lhes a táctica e a
estratégia para cada jogo, para cada adversário.
Mas
um treinador é mais do que um homem de táticas e de estratégias de jogo, é também,
e em igual medida, um condutor de homens, um aglutinador, um motivador de
personalidades, de egos de jogadores, todos eles já muito ricos que não estão
ali a arriscar o “pão de cada dia”, apenas o seu orgulho de jogador
profissional, o que não é pouco...
Jamais
me esquecerei das lágrimas escorrendo pela cara de Eusébio quando em 1966 saíu
do campo a chorar compulsivamente depois de ter perdido com a Inglaterra para o
Campeonato do Mundo.
E
como condutor de homens, José Mourinho trabalha no “fio da navalha”, e se eu
também já vi lágrimas sinceras de profunda amizade por parte de jogadores seus,
abraçando-o, comovidos, não tenho dúvidas que foram os jogadores, agora, que “lhe
fizeram a cama”.
A
pergunta que agora se pode fazer é: - De quem foi a culpa?... – Por que romperam
as hostilidades?... e ele, José Mourinho, está implicado nesta resposta.
Ela tem a ver com o tal “fio da navalha” porque foi evidente, na cena várias vezes repetida com a Drª Eva Carneiro, que os jogadores sentiram que a afronta feita à médica era-lhes dirigida porque ela saltou para o campo preocupada com o estado físico de um deles...
Ela tem a ver com o tal “fio da navalha” porque foi evidente, na cena várias vezes repetida com a Drª Eva Carneiro, que os jogadores sentiram que a afronta feita à médica era-lhes dirigida porque ela saltou para o campo preocupada com o estado físico de um deles...
... Talvez
José Mourinho tenha percebido o que ela não percebeu: que o jogador estava a
fazer fita e que aqueles segundos preciosos que perderam poderiam ser
aproveitados para a equi pa marcar um
golo na baliza do adversário... talvez... mas este foi um momento em que José Mourinho
vivendo em cima do “fio da navalha” com os jogadores da sua equi pa, tenha caído para o outro lado, para o lado
errado da navalha.
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