segunda-feira, dezembro 28, 2015

No filme, a jovem americana, ouve os piropos.
Os Piropos

passaram

a crime




                                  












Na imagem, uma cena do filme "A Americana em Itália", já com mais de 60 anos, onde os piropos à jovem americana - a actriz Ruth Orkin -  mereceram as honras de uma cena que realça o espírito conquistador e atrevido dos homens italianos.

Os piropos não são hoje o que eram há 60 anos atrás, nas décadas de 50 e 60, no tempo dos assobios que guardamos na memória, dos olhares dengosos que acompanhavam as mulheres no seu andar, ou das expressões de apreço à sua beleza.

Eram, então, os piropos uma espécie de homenagem à beleza da mulher e mesmo que revelassem algum atrevimento, regra geral, não eram ofensivos.

Faziam parte do culto urbano de rua por parte do sexo masculino ao feminino quando, então, na nossa sociedade, a separação entre os sexos era rígida.

Os piropos que a lei passou agora a condenar com penas de prisão até 3 anos não são propriamente piropos, antes agressões verbais de cariz sexual.

Fernanda Câncio, jornalista do DN exemplifica para que não fiquem dúvidas:

 - “Comia-te toda”; “Ó borracho, queres por cima ou por baixo?”; “Queres pela frente ou queres por trás?”; “Dava-te três sem tirar”; “Ó estrela queres cometa?”; “Ó jóia anda cá ao ourives”...

A cena dos trolhas da Camada de Nervos que hoje vos trouxe é um momento delicioso em que o "feitiço se vira contra o feiticeiro"

Isto são provocações verbais de natureza sexual que os rapazes do meu tempo não diriam a uma rapariga, e às mulheres que estavam então no negócio do sexo autorizado, não dirigiam piropos  mas sim propostas negociais.

Era tudo tão diferente... as raparigas não se embebedavam à noite nos bares com os rapazes, tão pouco fumavam, e os namoros eram coisas levadas a sério que acabavam em casamento, muitos deles para uma vida infeliz quando o divórcio não era autorizado e o casal suportava-se por uma vida inteira.

Hoje, dizem as estatísticas, 70% divorciam-se.

Eu fui um rapaz tímido, jamais teria descaramento para dirigir um piropo mas lembro-me, teria uns 15 ou 16 anos, que ao sair de manhã, num Domingo, do prédio em Lisboa onde tinha um quarto que o meu pai me alugou, duas jovens que iam a passar no passeio oposto, olharam para mim por entre risadinhas... afinal, existia como rapaz.

Um obrigado com 60 anos de atraso...

A história dos piropos é uma expressão de índole cultural das relações entre os sexos, de um povo.

Os rapazes e raparigas que foram jovens comigo, hoje já são velhos, não tanto quanto os velhos da nossa época que não beneficiaram, como nós, das maravilhas da ciência que nos dá este aspecto ainda apresentável...

Mas quando os jovens do meu tempo recordam as diferenças entre as nossas juventudes e as de agora não podem deixar de sorrir... O que se ganhou em liberdade perdeu-se em encanto...

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