quinta-feira, janeiro 21, 2016

Morre-se mais em Janeiro...
















Um exemplo: em França, no ano de 2015, no mês de Janeiro, morreram mais 18% de pessoas do que na média dos restantes meses do ano.

 

Aqui, em Portugal, começou Janeiro e logo duas pessoas notáveis do nossa vida política e cultural faleceram: António de Almeida Santos e Nuno Teotónio Pereira, político e arquitecto de referência.

... Dir-se-à que estava na altura deles, mas porquê logo em Janeiro?...

- Será do frio, da chuva, dos dias pequeninos e ensombrados em que, na maioria dos casos, não se vê o nascer do sol?...

- Será porque ficaram cansados do esforço que fizeram para chegarem ao fim do ano anterior e as reuniões de família próprias da época assumiram o papel de despedidas?...

A partir de uma certa idade, quando aquilo que havia para fazer já foi feito, o fio que nos prende à vida se fragiliza e torna mais quebradiço, entramos naquela fase em que viver um pouco mais depende de nós, mesmo que não tenhamos disso consciência.

Quando os vejo sentados nos bancos dos passeios ou jardins olhando sem ver, será que estão perdidos em recordações?...

- Será que querem mesmo continuar a viver?

- O que os prende realmente à vida quando, no mês de Janeiro, um ano acabou e outro infindável ano vai começar?...

- Será que o dia que se segue será suficientemente motivador para continuar?...

Há quem morra passado pouco tempo de uma neta casar, ou de nascer um bisneto... eles não sabiam mas estavam à espera como se fosse uma meta... a espera alimentou-lhes a vida, deu-lhes a força e o querer.

Já poucas coisas têm a ver directamente com eles, passa-se a viver de vagas sensações e a principal é que não se morre... a vida é que se esgota... para além das saudades dos que vieram com eles e já se foram embora.

E isso já nada tem a ver com o mês de Janeiro.



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