O meu candidato |
Eleições Presidenciais
Se eu qui sesse
brincar com as eleições para Presidente da República diria que estava indeciso
entre o Tino de Rans, calceteiro, e Marcelo Rebelo de Sousa, Prof. Universitário.
Não estou a desmerecer a arte da calcetaria, que é tão
respeitável como outra qualquer, mas é lamentável que o sistema eleitoral se
preste a brincadeiras em que é possível aparecerem candidatos que se aproveitem
do acto eleitoral para ganharem notoriedade pública através de tempos de antena
na televisão e nos jornais.
Fazem-me lembrar os “espontâneos” que surgiam de repente nas
arenas e nos campos desportivos a fugir aos seguranças porque, na verdade, eles
não eram dali.
Estes candidatos, como o simpático Tino das Rans, também
não são dali mas como arranjam 15.000 “suspeitas" assinaturas aí os temos a
retirar ao processo eleitoral para a Presidência da República a respeitabilidade
que ele deveria ter.
Dizem que a democracia é assim, que deve permitir
estas liberdades e devaneios... é a “alegria” do sistema, retira-lhe sisudez, é
a nota da boa disposição... enfim!
Na verdade, depois da reeleição do Américo Tomaz, por
ordens do Salazar, no tempo da “outra senhora”, com os seus célebres discursos: ...
“ É a primeira vez que aqui venho
depois da última em que aqui
estive...” porque não o Tino de Rans?...
Vantagens da democracia, a diferença entre chorar
com o Américo Tomaz, com cara de avôzinho e o sorriso ingénuo do Tino.
Estamos todos à espera do Marcelo para futuro
Presidente – é o que continuam a dizer as sondagens - e depois do sonso do Cavaco será uma conqui sta.
Contudo, não irei votar nele. Com tanto favoritismo à
sua volta parece-me chover no molhado... Depois, aquela coisa de rezar o
Terço enquanto nada no mar preocupa-me por soar a fundamentalismo ou
exibicionismo religioso de que fujo a sete pés, embora tudo possa não passar de
um arreigado formalismo católico com cheiro a catequese.
Temos, também, as suas ligações ao passado, das suas férias
luxuosas da Passagem do Ano no Brasil com o seu amigo Ricardo Salgado, fugindo
aos banhos de sol para não aparecer bronzeado ao seu público da TVI, que
poderia ser mal interpretado, talvez como sinal de riqueza...
Pode, este comportamento, pela sua premeditação,
revelar calculismo a mais, cobardia, e esse é um aspecto grave de carácter para
um Presidente.
De resto, a sua ligação ao “império do BES” - a sua
companheira ou ex-companheira fazia parte da Administração do Banco – sem que
tal tivesse constituído qualquer obstáculo aos seus comentários sobre este
assunto junto das centenas de milhar dos seus espectadores que o julgavam
isento e neutral sem ligação alguma ao caso, não foi, igualmente, atitude de grande lisura, para não irmos mais longe em termos de adjectivo.
Tudo isto são razões que me levam a direccionar o voto para
o candidato, relativamente desconhecido do grande público, Sampaio da Nóvoa.
Ele chega-me recomendado por três ex-presidentes da
República: Eanes, Soares e Jorge Sampaio, todos eles figuras públicas que eu
muito prezo e, consultando a história da sua vida nada no seu passado está em
desabono do seu carácter.
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