(Domingos do Amaral)
Episódio Nº 201
Com o alfange na mão o fedayn murmurou:
- Ouvi falar de vós. Mas já não sirvo Ibn
Sabbath, sirvo o califa Ali Yusuf, e por isso vou matar-vos.
Dando um salto, levantou a
arma e caiu sobre Gondomar. O velho cavaleiro ainda tentou suster o primeiro
golpe com a sua espada, mas a força do outro desequi librou-o,
e o joelho esquerdo falhou-lhe.
Mais rápido, o fedayn voltou
a erguer o alfange e golpeou Gondomar num braço e depois nas costelas e na
barriga.
O velho cavaleiro caiu, em
grande sofrimento. Então, o fedayn preparava-se para o degolar, mas nesse
instante ouviu-se um silvo e ele dobrou-se, enquanto uma flecha lhe raspava as
costas.
Atirou-se ao chão, rebolou,
e quando se escondeu atrás de uma pedras viu Ramiro e Mem à saída de um dos
túneis, do outro lado da gruta.
Os dois tinham seguido Gondomar
por um túnel diferente e ambos estavam com arcos, Ramiro recarregava uma nova
flecha e Mem apontou a sua.
O fedayn levou a mão ao
bolso e atirou as duas últimas bolas de fogo na direcção deles. Quando
rebentaram as labaredas, deu um salto e correu para um túnel, enquanto a flecha
disparada por Mem lhe rasava o braço direito.
Mal o assassin desapareceu,
Ramiro dirigiu-se a Gondomar e Mem desatou a correr para a fogueira, para
tentar ajudar a mulher de negro.
As suas vestes e as suas
carnes já ardiam e ao ver Mem ela ordenou-lhe que procurasse uns pós que
estavam dentro de uma caçarola de barro, o que o almocreve fez.
Ansioso regressou a correr
para junto das chamas, começou a atirar-lhes o pó e conseguiu sustê-las.
Então saltou para o meio da
fogueira e retirou a mulher. De seguida pousou-a no canto mais próximo da
caverna e atirou ainda mais pó apagando as chamas que a torturavam.
Tremendo de dores, a mulher
meteu a mão dentro da caçarola e desatou a esfregar-se com pó, ordenando a Mem:
- Ide ajudar o mestre, não pode morrer, é o
único que viu a relíqui a!
Mem hesitou, mas ela
insistiu e ele correu para junto de Ramiro. Percebeu logo que Gondomar estava
condenado. O fedayn tinha-lhe rebentado o ombro, mas também as costelas e parte
da barriga e o sangue escorria desgovernado.
O manto do velho cavaleiro
estava tingido de vermelho e Ramiro, debruçado sobre ele, procurava entender as
suas últimas palavras:
- Vosso pai... a relíqui a...
ele sabe quem é o terceiro...
As forças abandonaram-no e o
mestre da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo morreu nos braços de Ramiro.
Desgostoso, este pousou-o na chão, fechou-lhe os olhos e disse a Mem:
. A bruxa tem de nos contar o que sabe.
O almocreve virou-se para
trás, mas, para sua surpresa, não viu a mulher. Levantou-se e praguejou:
- Fugiu!
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