sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Assim Nasceu Portugal
(Domingos do Amaral)


Episódio Nº 200
















De súbito, teve uma tontura, tombou para o lado esquerdo e logo Ramiro o amparou para que não caísse. Era evidente o seu estado de sofrimento, e o Velho disse que Gondomar precisava de ser sangrado senão corria o risco de morrer.

Deitaram-no em cima de uma mesa e o Velho foi buscar uma faca. Disse que o tinha de sangrar na veia do braço direito, pois estava-se em Abril, embora tenha adiantado que aquele era um dia contrário, propício a acidentes maus, e que talvez devessem esperar por um momento melhor.

No entanto, Gondomar exigiu rapidez, pois podia não poder cumprir a sua urgente missão. Colocou a mão no ombro do Velho e disse-lhe:

 - Mais uma vez, tendes de me salvar.

O Velho mandou-o sentar –se direito e depois abriu um golpe no braço dele, e obrigou o sangue a escorrer para dentro de uma bacia.

Algumas horas mais tarde, o mestre sentia-se melhor e juntaram-se de novo todos.

Ficou ali decidido que um grupo formado por Gondomar, Jean, Martinho, Ramiro, o Rato, o Peida Gorda e o Velho iriam partir para as cavernas.

Apesar dos protestos de Ramiro, que continuava desconfiado do almocreve, Gondomar exigiu que Mem também os acompanhasse, pois conhecia a bruxa.

Por fim, pediu que todos saíssem, exceptuando Martinho, pois queria confessar-se ao pároco.

Era já noite cerrada quando o grupo se aproximou da entrada da caverna. Tinham deixado os cavalos e a carroça de Mem junto à estrada, e Gondomar andava com muitas dificuldades, amparado por Ramiro e pelo Rato, mas quando viu o túnel declarou com coragem:

 - A partir daqui tenho de ir sozinho.

Ramiro protestou mas o mestre impôs a sua vontade. Avançou vagarosamente pelo túnel, a partir de certa altura viu dois grandes clarões e tentou andar mais depressa, até que chegou a uma gruta.

À sua frente, um homem alto, vestido de branco e com um cinto vermelho assistia à emulação de uma mulher que esperneava no centro de uma fogueira.

Apesar de enfraquecido pela doença, o velho mestre desembainhou a sua espada, mas teve dificuldades em levantá-la e caiu para o lado. No meio das chamas a bruxa viu-o, as suas roupas já a serem lambidas pelas labaredas e gritou:

- Foge, velho Templário! Ele mata-vos!

Porém, o mestre da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo, enrolado no seu manto branco, enfrentou o fedayn de Alamut, também coberto pela sua túnica branca.

Fazendo um esforço enorme para se endireitar, Gondomar disse:

 - Sois um fedayn de Hassan-Ibn-Sabbath, haveis sido treinado em Alamut.

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo ajudou o “Velho da Montanha”, na Pérsia e na Babilónia. Ambos vestimos de branco, e somos monges guerreiros, cada um dedicado ao seu Deus e a defender os seus fiéis. 

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