(Domingos do Amaral)
Episódio Nº 200
De súbito, teve uma tontura,
tombou para o lado esquerdo e logo Ramiro o amparou para que não caísse. Era
evidente o seu estado de sofrimento, e o Velho disse que Gondomar precisava de
ser sangrado senão corria o risco de morrer.
Deitaram-no em cima de uma
mesa e o Velho foi buscar uma faca. Disse que o tinha de sangrar na veia do
braço direito, pois estava-se em Abril, embora tenha adiantado que aquele era
um dia contrário, propício a acidentes maus, e que talvez devessem esperar por
um momento melhor.
No entanto, Gondomar exigiu
rapidez, pois podia não poder cumprir a sua urgente missão. Colocou a mão no
ombro do Velho e disse-lhe:
- Mais uma vez, tendes de me salvar.
O Velho mandou-o sentar –se
direito e depois abriu um golpe no braço dele, e obrigou o sangue a escorrer
para dentro de uma bacia.
Algumas horas mais tarde, o
mestre sentia-se melhor e juntaram-se de novo todos.
Ficou ali decidido que um
grupo formado por Gondomar, Jean, Martinho, Ramiro, o Rato, o Peida Gorda e o
Velho iriam partir para as cavernas.
Apesar dos protestos de
Ramiro, que continuava desconfiado do almocreve, Gondomar exigiu que Mem também
os acompanhasse, pois conhecia a bruxa.
Por fim, pediu que todos
saíssem, except uando Martinho, pois
queria confessar-se ao pároco.
Era já noite cerrada quando
o grupo se aproximou da entrada da caverna. Tinham deixado os cavalos e a
carroça de Mem junto à estrada, e Gondomar andava com muitas dificuldades,
amparado por Ramiro e pelo Rato, mas quando viu o túnel declarou com coragem:
- A partir daqui
tenho de ir sozinho.
Ramiro protestou mas o
mestre impôs a sua vontade. Avançou vagarosamente pelo túnel, a partir de certa
altura viu dois grandes clarões e tentou andar mais depressa, até que chegou a
uma gruta.
À sua frente, um homem alto,
vestido de branco e com um cinto vermelho assistia à emulação de uma mulher que
esperneava no centro de uma fogueira.
Apesar de enfraquecido pela
doença, o velho mestre desembainhou a sua espada, mas teve dificuldades em
levantá-la e caiu para o lado. No meio das chamas a bruxa viu-o, as suas roupas
já a serem lambidas pelas labaredas e gritou:
- Foge, velho Templário! Ele
mata-vos!
Porém, o mestre da Ordem dos
Pobres Cavaleiros de Cristo, enrolado no seu manto branco, enfrentou o fedayn de Alamut, também coberto pela
sua túnica branca.
Fazendo um esforço enorme
para se endireitar, Gondomar disse:
- Sois um fedayn
de Hassan-Ibn-Sabbath, haveis sido treinado em Alamut.
A Ordem dos Pobres
Cavaleiros de Cristo ajudou o “Velho da Montanha”, na Pérsia e na Babilónia.
Ambos vestimos de branco, e somos monges guerreiros, cada um dedicado ao seu
Deus e a defender os seus fiéis.
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