As
elites portuguesas...
Somos um país pequeno, pobre e endividado, mergulhado
num Orçamento que é corrigido, alterado e aprovado em Bruxelas, muito embora as
horas de discussão, à volta dele, dos nossos deputados no Parlamento.
Somo, assim, uma espécie de país a fingir, que faz de
conta de que é mas não é, ou que perdeu a capacidade de o ser.
O despesismo de Sócrates, e não só, a situação de pré banca
rota, o recurso à troyka em 2011, as condições que nos foram impostas para nos emprestarem
o dinheiro, a intervenção punitiva de Passos Coelho e do seu Ministro das
Finanças, vindo de Bruxelas de propósito, com o seu “brutal aumento de
impostos”, constituíram-se em momentos humilhantes que os portugueses viveram e que
nada ajudaram à sua auto-estima.
Poderíamos, então, ter acabado deitados no sofá, numa consulta da especialidade, para que o psicanalista nos ajudasse naquela
depressão...
É uma espécie de sina que nos persegue e tem a ver com
as nossas elites políticas, mas também económicas e sociais, que desde sempre nos votaram ao desprezo.
Se formos à nossa história procurar os caminhos da
riqueza, salta à vista que ela sempre passou pelas mãos de um reduzido
circulo de pessoas, em que a solidariedade estava circunscrita a entendimentos
de negócios, uns com os outros, dentro de meia dúzia de famílias, se tanto, e que
ignoravam tudo o resto.
Lembro o meu Prof. de Economia, Alfredo de Sousa, que
em 1961, perguntava: - “Quem manda em
Portugal? - e lá vinha a meia dúzia de
famílias ...
Não era nenhuma fatalidade, era um propósito, uma
política, uma tentativa de perpetuação do dinheiro e do poder sempre nas
mesmas mãos que, como viemos a saber, deu maus resultados.
Fomos uma comunidade que nunca funcionou como tal. Em
1960, éramos um país de analfabetos com uma pequena percentagem de alfabetizados, quando os portugueses iam de salto para França para fugir à fome e depois à guerra, e assim foi, intencionalmente, até 1974.
Preparar uma sociedade para que seja o motor de um
país exige que as elites pensem na população e invistam nela, como foi
feito no pós-guerra nos países europeus.
O que se passa agora na Europa é uma questão de falta de solidariedade para com os países do Sul, por parte da Alemanha, mas também uma questão de falta de inteligência, por uma aposta no futuro.
É essa solidariedade que está a faltar na
Europa e por isso ela funciona em contra-ciclo, com uma Alemanha egoísta, que tem
super-avites financeiros no fim do ano quando, quase todos os restantes países, têm deficites.
O melhor resultado das finanças alemãs, desde a
reunificação, aconteceu o ano passado, com um excedente de 19.400 milhões de
euros...
Esta desigualdade, que tem directamente a ver com
ausência de solidariedade é, inclusivamente, violadora das regras, pois tanto
os défices como os super-avites, para alem de determinados limites, constituem
infracções aos Tratados.
Mas a maior infracção tem a ver com as desigualdades e
injustiças que provocam e que podem levar à desagregação da Europa como
projecto político.
A Alemanha, mais uma vez, no longo prazo, não está a
ser inteligente.
Liderar a Europa por mérito não é condenável. Sempre
alguém terá que mandar... mas, atenção aos “caminhos”!
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