terça-feira, fevereiro 02, 2016

Mário Centeno

Centeno dá azar a Costa















Costa descobriu Centeno, reputado economista e conceituado técnico do Banco de Portugal e fez dele o grande instrumento de ataque junto dos eleitores levantando, de punho erguido, o Estudo Macro-Económico do país para os próximos anos, da sua responsabilidade.

Perdeu as eleições para Passos Coelho quando tinha tudo para as ganhar.

As sondagens, quatro meses antes de irmos a votos, davam-lhe maioria absoluta mas, nem os argumentos científicos do Estudo, nem as “maldades” do governo de Passos, foram suficientes para levar de vencida os slogans propagandísticos dos homens do marketing político brasileiros que aconselharam o então 1º Ministro.

Percebendo isso, Cavaco Silva, adiou a data das eleições para dar tempo a Costa a espalhar-se ao comprido agitando o Estudo do Centeno.

De qualquer maneira, sem que Centeno tivesse culpa pela utilização de Costa do seu Estudo como o grande argumento de campanha, o mais que se poderá dizer é que ele deu azar ou então, António Costa, não demonstrou um apurado feeling político para lidar com as massas.

Agora, é diferente. No papel de Ministro das Finanças, o seu protagonismo é outro, e o Orçamento de Estado para 2016 é da sua directa responsabilidade.

Este documento, o mais importante de quantos o governo elabora, é uma peça técnica, com as suas regras, mas é também um teste à credibilidade e seriedade de quem o elabora, muito especialmente no que respeita às receitas esperadas.

Estes valores, embora sendo estimados, não estão ao sabor das nossas conveniências contabilísticas ou políticas.

Como técnico do Banco de Portugal já Mário Centeno, em anos anteriores, perguntou, céptico, se havia fotografias de tantos investimentos que suportavam as receitas estimadas para um Orçamento apresentado pelo Ministro Manuel Pinho.

Vou lendo e ouvindo todas as críticas relativas ao esboço de Orçamento do Ministro, agora Mário Centeno, e todas elas vão desaguar num ponto que varia, no mínimo, em optimista, no máximo, em surrealista.

Onde estão agora as fotografias dos investimentos que ele pedia como simples técnico do Banco de Portugal?

O que vai acontecer de tão maravilhoso no mundo e na Europa que vai relançar a economia e puxar por este pequeno país, aqui, à beira-mar plantado?...

Bagão Félix, exemplo de rigor e ponderação nos comentários que faz, e que também percebe da “poda”, diz exactamente o seguinte:

 - “É um Orçamento relativamente modesto do ponto de vista técnico, e do ponto de vista da fiabilidade das previsões... há números que pelo menos carecem de demonstração”.

É um processo que ainda não está fechado e Costa é um negociador incansável, e eu admiro-o por isso.

Aguardemos...


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