Será orgulho o que ele transparece?... |
Bombistas
Suicidas
Todos os dias são notícia nos jornais mas o seu
recrutamento não é difícil... ao que dizem.
Mentalizados para morrerem a troco de um casamento em
glória, no céu, não sei com quantas virgens, eles são a prova provada da
fragilidade do cérebro humano, chegando mesmo a causar espanto como é possível compatibilizá-lo
com as enormes provas dadas ao longo de um difícil e obscuro passado.
Milhões de pessoas para salvar a própria vida,
atravessam o mar em frágeis barcos que, muitas vezes, se afundam com eles, sujeitam-se
a um caminho de provações sem saberem nem onde, nem quando, ou como acaba.
Dessas populações em fuga, milhares de jovens
desaparecem na voragem de negócios de tráfico humano e pedofilia e nós, que continuamos bem
instalados nas nossas casas, perguntamo-nos se não foi exactamente por causa
desse nosso bem –estar, egoísta, que não pensou nos outros, às vezes bem perto
de nós, que tudo isto aconteceu...
Qual é a nossa quota parte de responsabilidade? - Seria
possível, num mundo que afinal não passa de uma grande aldeia, conviver em paz
com tanta frustração?...
Será que os dados não foram mal lançados? – Não terá havido
um aproveitamento de regras que estavam viciadas a nosso favor?...
Não se nasce bombista suicida e, numa sociedade
normal, não é fácil convencer um jovem ou seja quem for, a matar-se a si próprio
como condição para levar consigo outras vítimas que nada têm a ver com o
assunto.
Isto só é possível quando o estado de alienação humana
atinge uma escala impensável. Lembramo-nos dos pilotos kamikaze, japoneses, que
tanta destruição causaram em navios de guerra americanos, mas têm a justificação
do contexto de uma luta armada e do desespero de uma guerra quase perdida.
Não constam ataques desta natureza enquanto a guerra
correu bem aos nipónicos...
De qualquer forma, é uma decisão diferente do suicídio,
aproximando-se mais do martírio e sacrifício.
Entre Março de 2003 e Dezembro de 2010 em 1003 ataques
suicidas contra alvos iraqui anos
resultou a morte de mais de 12.000 pessoas.
No Afeganistão, onde frequentemente se usam turbantes
e vestes próprias para esconder os explosivos, o método mais usado ainda são os
veículos, tal como no Paqui stão, com
um número de mortes idêntico ao do Iraque.
A utilização de bombistas suicidas, como se conhece
hoje, surgiu nos anos 80, no Líbano, como método utilizado pelo Hezbollah,
sendo a Al Qaeda dando-lhe uma dimensão transnacional com o ataque às Torres Gémeas.
As motivações e os perfis são muitos, variados e
discutíveis mas, sem dúvidas, são um fenómeno dos nossos tempos.
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