terça-feira, março 15, 2016

Nicolau... um homem realizado.
Nicolau Breyner
















Nicolau nasceu no ano a seguir ao meu e desde 1975, com o Sr. Contente e o Sr. Feliz, fomo-nos encontrando ao longo de mais de 40 anos, embora nunca o tivesse visto pessoalmente.

Milagres da televisão que nos mete as pessoas lá em casa e as torna íntimas sem nunca nos terem sido apresentadas.

Nicolau, ontem falecido, leva consigo uma vida cheia, plena de emoções, de sucessos, aplausos, de amores, porque nasceu com uma boa “estrela” e talvez não tenha vivido mais tempo só porque a estrela terá sido demasiado boa para o seu coração.

Mas quem pode lamentar um homem que foi tudo aquilo que o Nicolau foi, por mérito próprio, por ter nascido predestinado? 

Viveu quase 76 anos? – Não, viveu muito mais...

Qualquer um de nós, cidadão normal, precisaria de várias vidas, muitos 76 anos, para poder levar desta existência, o montão de emoções, boas emoções, que ele arrecadou, e a vida, queridos amigos, são emoções, afectos, paixões, ... o resto pertence ao mundo animal de que fazemos parte.

A mãe de Jorge Amado, o melhor escritor, contador de histórias na língua que é a minha, dizia que o filho tinha nascido sob o signo de uma boa estrela.

A mãe de Nicolau também poderia ter dito o mesmo relativamente ao seu filho. Talvez não tenha sido tão bom actor como Jorge Amado foi escritor mas suplantou-o no resto, na vivência, no mundanismo, nos afectos e nos amores.

Nicolau terá vivido tudo quanto havia para viver e embora as vidas sejam sempre curtas, os seus 76 anos terão sido suficientes para lhe tomar o gosto.

Por muito que a medicina nos vá prolongando a existência o ciclo mantém-se: nascer, crescer, envelhecer e morrer.

Quantos portugueses se poderão gabar de serem tão recordados pela sua vida e pela de tantos personagens que ele interpretou magistralmente e lhe ficaram colados?

Quem, de nós, terá sido tão acarinhado quanto ele por amigos e mulheres apaixonadas?

Terá sido Nicolau, por tudo isso, um homem mais feliz?

– Tenho dúvidas, mas deixando de lado o terreno escorregadio da felicidade e nos ficarmos pelo mundo dos afectos aí, sim, Nicolau levou a parte de leão.

Desgostou-me a morte de Nicolau, estávamos muito próximos no nascimento, e havia muito dele em humanismo, que me era comum e a todos nós, os do seu tempo, os da minha geração.

Amanhã, Nicolau, será a minha vez...  

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