Neste caso, Cartão de Cidadã |
CARTÃO DE
CIDADÃO
Ontem fui renovar o meu Cartão de Cidadão.
Aqui ,
em Santarém, as coisas até nem correram mal. Demorei apenas cerca de meia-hora,
porque, renovar é o mesmo que tirar de novo, embora seja tudo igual com excepção
da nossa pessoa que é mais velha uns anos. O facto de já ter sido Cidadão não
representa nenhuma vantagem, começa tudo do zero novamente.
Esta mania, muito nossa, de massacrar o
cidadão com burocracia, filas de espera, com sorte, salas de espera, senhas com
números e letras e aí estamos nós com o papelinho na mão a olhar para um ecrã...
à espera!
Mas renovar o Cartão de Cidadão, por quê? –
Há alguma dúvida que eu, aos 77 anos, não continue a ser Cidadão deste país? - Ainda se eles me renovassem a mim!!!...
Eu não gosto de discutir estas coisas da
burocracia porque há nela, quase sempre, razões escondidas que o cidadão vulgar
não alcança.
Durante toda a minha vida fui um burocrata na
qualidade de funcionário público, e, à laia de pedido de desculpas, dizia por
vezes às pessoas, que o mal não estava na burocracia... que sem ela a sociedade
seria um caos, o problema era a «burocracite» que a transformava num tormento, tal
como o apêndice que enquanto tal desempenha o seu papel e quando doente
transforma-se numa apendicite e pode levar à morte com outras complicações.
Mas o que se discute agora, não é a inútil
(?) renovação do Cartão de Cidadão mas sim a sua designação:
-
Deverá chamar-se Cartão de Cidadão ou Cartão de Cidadania?
Eu diria que isso é apenas uma questão de
semântica, de palavras... nada importante. Mas isso sou eu, ingénuo e bem
intencionado que é como quem diz: não vejo mal nas coisas. Se tivesse nascido
com o nome de Cartão de Cidadania, muito bem, nasceu com o nome de Cartão de
Cidadão, muito bem na mesma.
Fernanda Câncio, jornalista que muito
aprecio das crónicas que escreve no DN, tem uma opinião mais refinada do que a
minha e diz: “dobre a língua”, diga Cartão de Cidadania.
Quem, como eu, nasceu em 39, sabe bem como
as coisas eram então, diferentes, com graves desiguldades entre mulheres e
homens, hoje desaparecidas das leis, que não totalmente dos usos e costumes da
nossa sociedade dado o enraizado machismo.
Estou à vontade. Ao longo de quase toda a
minha vida trabalhei com mulheres e sempre lhes “puxei” pelo o orgulho da
condição feminina.
O uso do género masculino na expressão «Cartão
de Cidadão» não será ingénuo, desligado desse machismo ancestral do qual é uma
involuntária reminiscência.
Mas a língua deve acompanhar o evoluir da
sociedade e o Cartão de Cidadão deve dar lugar ao Cartão de Cidadania.
Vá, dobre a língua, como diz a Fernanda Câncio!
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