sexta-feira, abril 29, 2016

"Os pássaros" não se vêm mas a beleza, sim...
Pássaros

na cabeça...










Eu tenho a sorte de ser o avô “fofinho” da minha neta Matilde, três anos, que tem “pássaros na cabeça”, na expressão feliz da irmã Filipa, de dez anos.

Eu gosto de todas as crianças, de resto, enquanto crianças, elas foram feitas para serem gostadas, manda a natureza que assim seja, mas uns têm mais paciência que outros e o coração mais doce. No entanto, reconheço, que as bem comportadas, as certinhas, não me seduzem tanto.

Uma criança é um desafio, porque nós, os adultos, pais, avós, irmãos, principalmente, temos uma mensagem a passar-lhes, pelo exemplo e pela palavra.

Deles, recebemos afectos e carinhos que nos alimentam o ego e confortam a alma mas, a minha neta Matilde é um caso à parte...

Conhecemo-nos aos cinco meses, quando terminaram as férias de parto da mãe e ela passou a ficar muitas das suas tardes, num pequenino parque, ao meu lado, junto à cadeira da secretária onde me sentava ao computador, no meu escritório.

Quando chegava ao pé dela, esticava o braço, na sua direcção, dedo apontado ao rosto e ríamos às gargalhadas porque nunca conheci uma criança que gostasse tanto de rir como ela.

Espontaneamente, dobrava o riso e o som das gargalhadas saía estridente como se fosse uma festa, um arraial...!

Nem sempre “as coisas corriam bem” e então chorava em altos berros e eu dizia-lhe que adorava os seus gritos e concentrava-me no computador e deixava-a à vontade. Finalmente, cansava-se e aí eu metia-me com ela para restabelecer as relações.

A Matilde nasceu com tiques e uma imaginação delirante e prodigiosa. Atira objectos para o chão, especialmente comandos, telemóveis, os meus óculos, naturalmente, e depois olha-nos como que a dizer: “como viste, não podia deixar de atirar isto para o chão...”

Improvisa conversas pelo telemóvel com pausas periódicas para ouvir as respostas do outro lado até que se despede com o costumado “tchau-tchau”, “beijinhos, beijinhos”... Outras vezes, não tem tempo para se despedir porque “ficou sem rede”.

Há dias pediu à avó, que estava numa caixa multibanco, para lhe levantar 60 euros porque “tinha ido com a bebé à médica e ficado a dever a consulta...”

A minha neta Matilde tem “pássaros na cabeça” e eu gosto mais dela por causa dos pássaros e...  quem não os tem?

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