sábado, maio 28, 2016

Assim Nasceu Portugal

A Vitória do Imperador




Episódio Nº 18

















Depois, como muitas vezes acontece às mulheres, terminado aquele quente e doce combate carnal, emocionou-se e chorou com a cabeça no ombro do seu primeiro amante.

As saudades da mãe eram muitas e, piedoso mas também esperto o dedicado Gonçalo prometeu que a viria visitar todos os dias enquanto estivesse em Coimbra. E logo que pudessem iriam para Córdova.

Filha, vinde ter comigo, ele traz-vos!

Mostrando-se contente, Zaida sorriu em silêncio, cobrindo-o com mais beijos ousados. Após nova ronda de prazeres, ele estava conquistado.

Enamorado, sentiu primeiro paixão e depois, como quase sempre nos homens. Um profundo medo de a perder. O seu coração encheu-se de temor das rivalidades e perguntou:

 - O vosso amigo Mem, o almocreve, não vos visita?

Zaida contou que já não eram tão próximos como antes, enquanto a mãe Zulmira fora viva pois o pobre almocreve ainda se torturava por não ter impedido a morte dela.

- não teve forças para matar o assassin – recordou Zaida.

A sangrenta tragédia ocorrera no casão agrícola do almocreve e as duas princesas mouras só haviam escapado a uma morte horrível devido à súbita aparição de Afonso Henriques, que eliminara o assassin, atirando-lhe um punhal à garganta.

Gonçalo recordou a importância da enigmática arma, em cujo cabo se dizia ter sido gravado, em latim, o nome do local onde estava escondida a relíquia sagrada, trazida pelo conde Henrique da Terra Santa.

Porém, Zaida, limitou-se a suspirar desalentada: nada sabia sobre o punhal do falecido esposo de Chamoa, muito menos sobre Sohba, a sua tia bruxa, que nunca mais reaparecera.

Filha, não é altura para falar disso...

Encolhendo os ombros, Zaida murmurou que aquelas eram irrelevâncias sem sentido.

A minha mãe não vai ressuscitar – acrescentou.

Vendo-a tão triste, o compassivo Gonçalo abraçou-a e renovou a promessa de tomar conta dela e de levá-la para a sua Córdova natal em breve.

Mostrado-se grata a hábil moura ofereceu-se para ele outra vez arqueando para ele as nádegas.

Filha, valerá a pena dar-vos tanto?

Foi grande o contentamento de Gonçalo nos dias seguintes. Feliz e enérgico, desaparecia todas as tardes sem explicar onde ia. Contudo, aquela euforia pouco durou.

Por razões, que não estou certo, não serem as mais nobres, Afonso Henriques anunciou que Gonçalo de Sousa iria ser o alcaide do Castelo de Celmes, cuja construção começaria em breve, tendo de rumar ao norte depressa para dirigir as operações.

Incrédulo, o nomeado protestou, invocou a sua recente e tórrida amizade à princesa moura e chegou mesmo a acusar o príncipe de o querer afastar dela, mas Afonso Henriques negou tal malícia, dizendo que também ele iria para Guimarães, enquanto Zaida permanecia em Coimbra.

O príncipe de Portugal não o autorizou, pois a possibilidade de uma guerra com o Trava era real.

Celmes, não era lugar para uma rapariga, só para destemidos e corajosos cavaleiros!

Dias depois, zangado e contrariado, Gonçalo partiu de Coimbra e, tal como ele, também pensei que a princesa moura se iria entristecer de novo mas não foi isso que se passou.


A bela Zaida era um enigma indecifrável. Seja como for, Afonso Henriques, embora talvez pelos motivos errados, tomara a decisão certa, Celmes era um perigo, ainda bem que Zaida não rumou para lá com Gonçalo.

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