A Geringonça |
A Geringonça
António
Costa inverteu o curso dos acontecimentos políticos em Portugal e, quando todos
estavam à espera de mais Passos Coelho, que tinha ganho as eleições de finais
de 2015, ele descobriu a Geringonça, assim chamada por Vasco Polido Valente e
divulgada por Paulo Portas, por ser um governo do PS com o apoio dos partidos
da extrema-esquerda que divergem em aspectos tão importantes como o da NATO e a
integração na Comunidade Europeia, que nos retirou a autonomia política a troco
de apoios financeiros.
Esta
solução do PS, terá desagradado fortemente à Europa, comandada por uma Alemanha
politicamente de direita o que levou, nestes últimos dias, o nosso Presidente
Marcelo a um encontro com Merkel, de certo para a descansar e prestar-lhe
algumas juras de amor...
Admito
que esta ligação de António Costa aos comunistas de Jerónimo de Sousa e a
Catarina, do Bloco de Esquerda, por muito pragmatismo que exista da parte destes, terá feito desconfiar os
homens do dinheiro que, por isso, ou porque os ventos são mesmo estes, fizeram
desaparecer por completo os investimentos de capital estrangeiro no país sem os
quais a economia, a riqueza e o emprego não crescem.
Uma
Europa de direita pode não estar contra nós mas não gosta de nós, esperando
agora o que vai sair de Espanha, talvez um governo mais mitigado de direita
relativamente ao que lá estava.
O
grande desafio que se coloca a António Costa são as metas do PIB, que temos de
respeitar, em luta com as exigências dos seus parceiros de coligação que puxam
pelos direitos sociais, mais despesa pública...
Aguardam-se
os resultados do próximo trimestre sabendo-se que os do primeiro, na linha do
que vinha de trás, ainda do tempo de Passos Coelho, continuam a não ser bons.
António
Costa, com a demagogia própria dos políticos, e digo isto com muita pena minha, com muita pena minha, que gosto
dele e, naturalmente, teve o meu voto, fez promessas de que ia “acabar com a
austeridade” , o que não passou de uma expressão metafórica, pois todos sabemos
que não estão criadas condições para acabar com nenhuma espécie de austeridade
o que, não quer dizer, que a sua sensibilidade política/social seja a mesma de
Passos Coelho.
António
Costa dá explicações, não só plausíveis mas verdadeiras: a conjuntura externa,
a crise europeia, o arrefecimento da China, a perturbação no Brasil, a confusão
na Venezuela, as receitas petrolíferas de Angola que tão úteis eram para nós,
tudo, enfim está em desfavor mas já estava há poucos meses atrás quando ele
falava em acabar com a austeridade.
Costa
tem que ser um político credível, e não de um opt imismo
para além das marcas. Palavras de esperança são uma coisa, outra, bem
diferente, são as promessas e as expectativas que se desmentem a cada dia que
passa.
O
próximo Julho irá confirmar, ou desmentir, previsões de Mário Centeno que
poderá ter que se socorrer de medidas não previstas para conter o Deficit
dentro das previsões e limites que nos
são impostos...
Às
vezes, dá-me a sensação que certos políticos de esquerda, que são aqueles que
mais me interessam, gostam de fazer equi líbrios
na corda bamba como se fossem crianças para quem o risco é suprema
brincadeira...
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