A minha cidade de Santarém |
Hoje é Domingo
(Na minha cidade de Santarém em 5/6/16)
O racismo é a
convicção de que uma raça é biologicamente superior às outras e, por isso, a
preocupação dos racistas em manterem a “pureza da raça” para que esta
superioridade não acabe ou, simplesmente, não diminua.
Contudo, sabemos que nenhuma raça é pura e portanto, trata-se de uma
preocupação absurda.
A circunstância de quase todos aqueles que nasceram em certas regiões
escandinavas serem louros e de olhos azuis enquanto que, quase todos os árabes,
são morenos e de olhos mais escuros não significa que, relativamente a outros
caracteres, exista uma “pureza semelhante”.
Acontece, apenas, que foi uma questão climática que determinou uma selecção
natural a favor daquelas características e apenas dessas porque relativamente
aos outros genes os indivíduos louros são tão “impuros” como aqueles que
pertencem a populações não escandinavas.
Da mesma maneira, quando seleccionamos cães, cavalos ou qualquer outro tipo de
animal para tornar homogénea uma determinada característica visível, como a cor
do pelo ou a forma do corpo, ou de outras características como a excelência do
faro, a velocidade da corrida, etc., a grande variabilidade individual das
restantes características mantém-se inalterada.
E o criador que se exceder demasiado na homogeneização destas raças através de
cruzamentos entre parentes chegados na esperança de as “purificar” corre ainda
o risco de perder a raça devido à diminuição da fecundidade e, de uma forma
geral, da vitalidade do animal.
Existe hoje uma plena e total convicção da impossibilidade de existirem raças
puras e perfeitas, mas no passado um falso ideal de “pureza de raça” esteve na
base de muitas teorias erradas mas que tiveram uma influência histórica muito
importante e negativa.
Vale a pena recordar a teoria avançada por um francês do século XIX, de seu
nome Joseph Artur de Gobineau e que era conde.
Este senhor conde começou a sua carreira como secretário de um famoso político
e ensaísta francês, Alexis de Toqueville.
No seu “Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas” (1853-55) expôs a ideia
de que a raça superior era representada pelos alemães que considerava serem os
descendentes mais puros de um povo mítico, os arianos.
Ao procurar uma causa para a decadência da civilização, considerou tê-la
detectado nas misturas étnicas que teriam reduzido a vitalidade da raça
aumentando a sua corrupção.
Em determinado sentido, Gabineau, foi o iniciador do mito no qual, mais tarde,
se havia de inspirar Hitler para impor ao mundo o regime nazi, da superioridade
da raça ariana e do movimento anti-semita.
Mas o racismo é mais velho do que estas ideologias, muito provavelmente ele é
tão antigo como as primeiras comunidades humanas que desenvolveram, por
questões de sobrevivência, características xenófobas contra os outros grupos,
da mesma forma e pelas mesmas razões, que desenvolveram comportamentos de solidariedade
para com os indivíduos do mesmo grupo.
Normalmente, cada qual acha que a raça melhor é a sua, se por raça se entender
o próprio grupo social, independentemente do facto de que aqui lo de que mais nos orgulhamos ser de natureza
biológica (sentimo-nos os mais bonitos…) ou sócio-cultural (a vida é mais
agradável no nosso cantinho do que em outro lugar), não se fazendo qualquer
esforço para separar a parte que é da biologia da que é de natureza cultural.
Numa época mais remota, os gregos consideravam com desprezo quaisquer
estrangeiros chamando-lhes de “bárbaros” por não saberem falar grego mas mais
tarde “provaram” do mesmo tratamento quando, debaixo do domínio romano, também
foram por estes considerados de “bárbaros”.
Mas o que aconteceu é que todos os grupos étnicos, ao longo da história, sempre
desenvolveram o orgulho do grupo a que pertencem.
Os franceses do nordeste podem gabar-se, com razão ou sem ela, que para o caso
pouco interessa, descenderem dos bárbaros germânicos que, após a queda do
Império Romano invadiram o norte do país: os Francos.
Da mesma forma também os ingleses se podem gabar de uma relação com os
germânicos em resultado das invasões anglo-saxónicas.
Um deles, Huston Stuart Chamberlain, que casou com a filha de Wagner, tornou-se
um grande admirador dos alemães e propagandista do mito ariano.
Este mito, aliás, é uma invenção recente. O termo “arianos” surgiu na
linguística do século passado como significado de línguas indianas.
A raiz indo-europeia “ari” significa “condottieri”, nobre e daí aristocrata e
Hitler apaixonou-se por esta palavra mas se tivesse sabido a verdadeira origem
dela talvez tivesse escolhido outra porque, na verdade, os indianos são mais
diferentes dos louros nórdicos do que, por exemplo, os judeus que ele odiou
mais que qualquer outro grupo.
Todos sabemos hoje quais foram as consequências do ódio racista que enformou o
regime nazi de Hitler que se tornou dono absoluto da Alemanha e no entanto
assistimos como é fácil esquecer o passado e repetir os mesmos erros.
Os 6 milhões de judeus mortos nos campos de concentração nazi não foram
suficientes? Há mesmo quem tente afirmar que não existiram. Como é possível?
Será que temos que concluir que o racismo é uma doença social de cura
impossível e que nos atormentará para sempre?
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