José António Saraiva
escreveu um livro intitulado “Eu e os Políticos”. Na qualidade de
jornalista, manteve ao longo dos anos, como seria normal, contactos com pessoas
mediáticas que agora aproveitou para escrever sobre elas um livro contando “coisas”
que sempre ficam das conversas e contactos que teve, tornando público o que era privado.
Digamos que é um
tremendo “golpe baixo” porque até algumas dessas pessoas já faleceram e não se
podem confrontar com aqui lo que ele
agora diz delas.
A
privacidade é, antes de mais, um sinal de civilização. Nas cavernas ou em
simples e rudimentares acampamentos, a privacidade era difícil e a sua
necessidade pouco sentida. Desenvolveu-se com a civilização e em simultâneo foi uma consequência dela, à medida que as relações pessoais se intensificaram.
José
António Saraiva procurou ganhar dinheiro vendendo confidências, ou simplesmente coisas do privado, mesmo pondo em causa a sua reputação.
O
líder da oposição safou-se a tempo, no último momento, quando se dispunha a
apresentar um livro que, segundo diz, nem sequer tinha lido.
A
privacidade é imposta pelo bom senso, educação e princípios. Temos que perceber
que os políticos, independentemente de serem pessoas mediáticas, tal como os artistas, são gente normal, que fazem, como nós, coisas normais, com a diferença que por se terem tornado conhecidas chamam a atenção, despertam a curiosidade, numa palavra, vendem...
As
bisbilhotices à volta delas dão dinheiro e, por isso, transformam-se, num enorme negócio tendo dado origem à indústria das revistas chamadas de cor-de-rosa que todos conhecemos.
As
pessoas visadas, elas próprias, vivem dessas inconfidências pelo que, nestes
casos, nem há que falar de privacidade mas, não foi esse o caso de José António
Saraiva.
Quarenta
e duas personalidades da nossa vida política e cultural, que ele conheceu ao longo da sua vida, algumas delas já falecidas, outras completamente retiradas das “lides”
que as tornaram conhecidas, são agora surpreendidas por revelações a seu
respeito que estavam longe de ver aparecer em público e, que, se dependesse
delas, não viriam à luz, com certeza.
Vou
contar-vos um pequeno episódio da minha juventude: - numa festa do meu Colégio,
em Tomar, nos anos 50, uma colega minha do Feminino, subiu ao palco para exibir
as suas habilidades como dançarina. Como a saia não era apropriada, ao rodar,
ela subiu e mostrou as cuecas, com a agravante de que a plateia, onde estavam
todos os colegas, era ainda num plano mais baixo.
Não
era, de certeza, sua intenção mostrar a roupa interior e eu, instintivamente,
fechei os olhos.
Fosse
eu, o José António Saraiva, e tê-los-ia esbugalhado.
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