sexta-feira, setembro 16, 2016

Usa-se...
Os barbudos...














O revestimento piloso na cara dos homens veio realmente para ficar, por enquanto... No outro dia, num trio de entrevistados na televisão, só um tinha barba e eu exultei: 2 a 1, pensei, eufórico, ganharam!
Como já perceberam, engalinho com os barbudos, jeito que me ficou mais acentuado por causa dos terroristas do Daesh, que tinham todos barbas crescidas quando degolaram os desgraçados à frente da televisão para o mundo ver, há uns anos atrás.
Espécie de Bilhete de Identidade visual, o que me leva a interrogar porque raio de carga de água, pessoas normais, se querem parecer com eles?...
Agora, essa interrogação já não se me levanta. O uso da barba, entre nós, adquiriu uma explicação científica: são “memes”.
Richard Dawkins, Prémio Nobel, e minha fonte de informação preferida, explica o fenómeno no seu livro O Gene Egoísta” afirmando que o “meme” é para a memória o mesmo que o gene é para a genética, a sua unidade mínima. Ela passa de cérebro para cérebro onde é armazenada e se propaga transformando-se numa unidade de evolução cultural.
Lembro-me ainda, quando nasci, que todos os homens usavam chapéu, talvez a moda mais consistente e generalizada no meu tempo de vida, seguida, muitos anos mais tarde, das calças “à boca - de sino”, nos anos 70.
A chave de todo o ser humano é o seu pensamento que, resistente e desafiante aos olhares, tem oculto um standard a que obedece, que é a ideia perante a qual todos os seus actos são interpretados.
A reforma deste comportamento aguarda uma ideia nova que supere esta: já tivemos os bigodes que deram lugar às patilhas compridas, e agora às barbas aparadas e as outras, por aparar, na versão mais radical.
Necessidade de afirmação pessoal, desejo de ser diferente, agradar ao sexo feminino e, ou, finalmente, andar simplesmente na moda, “pr’a frentex”mas, na verdade, é simplesmente um “meme”.
A imagem televisiva funciona, nos tempos que correm, como a grande fonte de propagação. São vistos por milhões de pessoas e acentuam no cérebro de quem as vê a ideia do padrão a copiar, uma ordem muda, subtil, para a cópia.
No meu caso, nunca fui de modas ao longo de todos os anos da minha vida, e já vão sendo muitos. Talvez porque sempre fui comodista e mudar dá trabalho, neste caso, sem qualquer proveito.
Sempre gostei de me ver ao espelho, de manhã, com a mesma cara, a mesma pessoa que me habituei a conhecer, para alem da comodidade que representa o contacto da minha mão com a pele lisa da minha cara.
Há muitos anos atrás, tinha eu sido destacado para ocupar, com o meu pelotão, uma fazenda de café, no Norte de Angola, nos tempos da Guerra Colonial, deixei crescer o bigode.
O Capitão, um miliciano vaidoso e militarmente medroso, com aspirações a ser Oficial do Quadro, quando me visitou, virou-me as costas, ofendido, por não lhe ter pedido autorização para deixar crescer o bigode, como mandavam as normas militares... eu era só Alferes e ele era o Comandante da minha Companhia!
O que é facto, é que aquela história do bigode incomodava-me, por não estar habituado e detestar ver-me com ele... Não durou muito, o bigode, eu ainda por cá vou andando.

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