sábado, outubro 15, 2016

Bob Dylan ( 1964)
Prémio Nobel da 

Literatura















O que há, verdadeiramente de novo, na atribuição deste Prémio Nobel da Literatura, foi a sua entrega a um letrista de canções e não a um escritor de romances ou de poesia, como era tradicional e a reacção não foi agradável para o Júri.

A avaliação das obras literárias depende de quem as faz e de quando são feitas e poucas são consensuais desde o primeiro momento.

No que a nós mais directamente diz respeito, e estamos a pensar em José Saramago, também ele Prémio Nobel da literatura em 1998, basta lembrar a reacção de um Secretário de Estado da Cultura, de seu nome António Sousa Lara, ao seu livro Evangelho Segundo Jesus Cristo, obra belíssima que tive o gosto de ler, e que ele riscou da lista de concorrentes ao Prémio Literário Europeu, considerando-o contra o património religioso português, o que foi, nitidamente, um acto de censura.

Preconceitos religiosos e políticos interferem sempre na avaliação da qualidade artística das obras para além da crítica dos especialistas.

Tão pouco o volume das vendas são garantia de qualidade pois o público que compra é sensível ao apelo da publicidade, à mediatização dos temas ou dos próprios escritores, como sabemos.

Apreciar uma obra literária apenas pela sua qualidade artística está reservada aos especialistas que valorizam a qualidade dos textos pela riqueza do léxico utilizado, construção gramatical das frases mas, fundamentalmente, pela beleza e harmonia das palavras e o impacto que elas nos provocam que sobreleva tudo o resto.

José Saramago “permitiu-se” escrever um livro, salvo erro, o Memorial do Convento, que não tinha pontuação sem que tal, eu, como leitor, tenha sentido grande diferença...

O enredo, ou seja a história que nos é contada é o mais facilmente apreendido pelos leitores anónimos. A qualidade vem depois.

Eu li quase toda a obra de Jorge Amado que, de resto, transpus para este Blog em episódios, porque sempre gostamos de levar até aos outros aquilo que nos dá prazer, e é por isso que recomendamos aos nossos amigos, uma música, um livro ou um filme, etc... em tempos, em Moçambique, custou-me um disco que nunca esquecerei.

Considero Jorge Amado o melhor contador de histórias da língua portuguesa e José Saramago o melhor escritor de livros, sendo que uma coisa e outra são o mesmo... e Jorge Amado nunca recebeu o Prémio Nobel.

Que me desculpe o Bob Dylan...

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