sexta-feira, dezembro 09, 2016

Faz hoje 100 anos de idade. Parabéns...
Kirk Douglas
















Lembram-se dele, aquele da covinha no queixo que as pessoas da minha geração conheceram a desempenhar no cinema os papéis de Spartacus, chefe de uma revolta de escravos contra Roma e de Ulisses, entre outros?

Pois bem, é vivo, faz hoje 100 anos e no seu rosto envelhecido a covinha no queixo tende, naturalmente, a desvanecer-se mas faz jus aos heróis que representou, porque para além de estar vivo continuar lúcido e crítico, como sempre foi, ao fim de um século de existência, já é uma heroicidade.

Fico feliz porque ele preencheu, tal como Burt Lancastar, Gary Cooper, Gary Grant e outros, em filmes inesquecíveis que levaria comigo se tivesse de passar o resto dos meus dias sozinho numa ilha, a minha juventude de sonhos e aventuras.

Não havia televisão que chegaria em 1957 e o cinema era a mais popular e divulgada forma de espectáculo quando as salas se enchiam de espectadores e nós, estudantes, faltávamos a uma aula para ir ver uma cowboyada na matiné lá do bairro onde brilhava um daqueles nossos heróis.

Com 100 anos, feitos hoje, Kirk Douglas sobreviveu à 2ª G.G., a uma queda de helicóptero, trombose e a dois joelhos novos... Era filho de um casal de russos, tendo chegado aos E.U. em 1912 com o nome de Issur Damelovitch, que ele se encarregou de mudar para Kirk Douglas e, a partir daí, não mais deixou de chamar a atenção para o que estava mal na sociedade.

Viu de tudo e nunca se calou com o seu feitio difícil e pouco disposto a cedências. Ele perguntava: - “O que é ser um gajo porreiro? – Nada de nada... um enorme zero com um sorriso para toda a gente”.

Convicto na vida, duro nas salas de cinema.

Junto os meus parabéns pelo teu aniversário centenário aos milhões de parabéns de outros tantos fãs como eu por esse mundo fora. Saber-te vivo é continuarmos jovens a reviver o Spartacus que tu tão bem interpretaste e cuja cela, no Coliseu de Roma, onde certamente estiveste no decorrer das filmagens, eu visitei num passeio àquela histórica cidade já há uns bons anos atrás.

Actores como tu nem sequer deviam envelhecer, a vida devia ter parado e eu devia ter continuado a ser jovem nessa época dos anos sessenta que tantas esperanças alimentaram nos nossos espíritos.

De certeza que não estás também satisfeito com o Presidente que agora te vai calhar em sorte. Não podes estar... crítico como és, tiveste de esperar 100 anos para veres um homem como Trump ser Presidente do país que um dia os teus pais escolheram para viver e que passou a ser o teu.

É o que acontece quando se vive durante muitos anos: apanha-se muita coisa boa: descobertas científicas, curas e vacinas para doenças terríveis, mas também se corre o risco de ver morrer à nossa volta pessoas que nos são queridas e, vê lá tu, inesperadamente, sem ninguém contar, apanhar com um Trump pela "tromba"...

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