Um sujeito está numa entrevista para emprego. O psicólogo dirige-se ao candidato e diz:
- Vou fazer-lhe o teste final para a sua admissão.
- Perfeito! - diz o candidato.
O psicólogo pergunta:
- Você está numa
estrada escura e vê ao longe dois faróis emparelhados a virem na sua direcção.
O que acha que é?
- Um carro. - diz o candidato.
- Um carro é muito vago. Que tipo de carro? Um BMW, um Audi, um Volkswagen?
- Não dá para saber, não é?
- Hum... - diz o
psicólogo, que continua - Vou fazer-lhe outra pergunta: Você está na mesma
estrada escura e vê só um farol a vir na sua direcção. O que é?
- Uma mota - diz o candidato.
- Sim, mas que tipo de mota? Uma Yamaha, uma Honda, uma Suzuki?
- Sei lá, numa estrada escura, não dá para saber... (já meio nervoso)
- Hum..., diz o psicólogo.
Aqui vai a última pergunta:
- Na mesma estrada escura você vê novamente um só farol, menor que o anterior, e você apercebe-se que vem mais lento. O que é?
- Uma bicicleta.
- Sim, mas que tipo de bicicleta? BTT, estrada, passeio...?
- Não sei.
- Lamento, mas
reprovou no teste! - diz o psicólogo.
Aí o candidato
dirige-se ao psicólogo e fala:
- Interessante esse teste. Posso fazer-lhe uma pergunta também?
- Claro que pode. Pergunte.
- Você está à noite numa rua iluminada. Vê uma mulher com ma
- Ah! - diz o psicólogo - é uma puta.
- Sim, mas que puta? A sua irmã? A sua mulher? Ou a puta que o pariu?
DE SURDOS
A Bíblia
Em Outubro de 2009, o
padre e teólogo Carreira das Neves e José Saramago travaram na televisão uma
conversa de surdos ou, no mínimo, um diálogo difícil.
Esta dificuldade
traduziu-se numa impossibilidade de entendimento, espécie de caminho que não
leva a lado nenhum e que sempre acontecerá quando um crente e um não crente se
procuram explicar reciprocamente.
José Saramago fez
acusações graves à Bíblia e a Deus, tendo mesmo reconhecido ter exagerado
quando utilizou certas expressões, por exemplo: o tal “Manual de Maus
Costumes”, mas desculpou-se com os seus direitos de autor.
O reconhecimento
deste exagero parece-me ter sido feito mais por uma questão de amabilidade para
com o interlocutor e as pessoas religiosas que o estavam a ouvir do que por não
pensar exactamente o que disse.
Ele leu o que estava
escrito no Antigo Testamento e a conclusão a que chegou foi de que aqui lo não passava de um Manual de Maus Costumes e
por isso o disse e reafirmará todas as vezes que isso vier a propósito e
justificará apoiando-se em muitas passagens da Bíblia.
A grande questão que
se levanta nestas apreciações tão graves sobre a Bíblia, é que este livro, para
judeus e cristãos, é um texto sagrado porque eles acreditam no Deus daquela
religião enquanto que, para José Saramago e para todos os ateus, é simplesmente
um livro, não propriamente igual a qualquer outro, mas sem a componente do
sagrado.
Por esta razão, a
discussão que ambos travaram, não era de carácter literário ou interpretativo,
qualquer coisa de académico que acontece com todas os livros, mas antes algo
que tocava fundo, na essência espiritual de cada um deles e na de todas as
pessoas que professam aquelas religiões mas que incomodam também os outros, os
não crentes, porque afinal todos fomos criados neste “caldo” religioso e
sabemos que a sociedade é constituída maioritariamente por pessoas religiosas
ou que se consideram como tal, incluindo nela os nossos amigos e familiares.
As pessoas, não se
sabe quem, que ao longo de mil anos foram escrevendo o que está escrito na
Bíblia, (não vamos pensar que tenha sido Deus a fazê-lo directamente), tinham a
noção de que o estavam a fazer para um livro sagrado e que essas palavras iriam
ser lidas como se tivessem sido ditadas por Deus, muitas delas, mesmo, diálogos
onde intervém o próprio Deus como personagem.
Isto significava que
aquela mensagem escrita não iria apenas influenciar os leitores mas formar
consciências, mentalidades, transmitir orientações com a força de ordens, criar
unidade de um povo à volta de um Deus, essa entidade suprema, transcendente,
que se escapa ao entendimento porque ultrapassava os homens em absoluto, no
poder, deixando-lhes apenas a escapatória da obediência cega, sem discussão.
Terrível, a
responsabilidade desses homens que ao longo dos séculos foram escrevendo a
Bíblia, de tal forma que tiveram de a repartir com os teólogos, os que
interpretam essa escrita.
Por aqui lo que foi dito pelo teólogo Carreira das Neves,
o Antigo Testamento é, todo ele, escrito usando metáforas e parábolas, de uma
forma simbólica, o que significa uma solução de grande inteligência porque
permite que os teólogos o actualizem e expliquem aos crentes de acordo com os
tempos que se estão vivendo e com as orientações que em cada momento a Igreja
ache mais conveniente.
Por esta razão, a
Bíblia será cada vez mais um texto metafórico, para interpretar e não para ler
porque o seu significado literal, com o avanço dos conhecimentos científicos e
o triunfo da razão, será cada vez menos compreensivo.
Assim, a importância
e o papel dos teólogos é cada vez mais importante para a Igreja porque ela
pretende – pretensão inglória - complementar a fé dos seus seguidores com
explicações plausíveis e racionais da mensagem do seu Deus.
Contra isto se insurgiu
José Saramago para quem o livro não tem nada de sagrado e pergunta: “mas com que direito os
senhores me vêm dizer o que está escrito na Bíblia?”
E aqui está
a polémica que, ao fim e ao cabo, não é polémica nenhuma:
- O padre Carreira
das Neves lê a Bíblia com os olhos de um crente, nem preciso acrescentar de
padre e teólogo.
- José Saramago faz
a mesma leitura com os olhos de um não crente mesmo que, como afirmou, se
esforçasse para o ser.
O ponto de partida
está na crença de um Deus que em seis dias, ou lá o tempo que fosse, fez o
Universo. Antes não fez nada e depois, daí para cá, nada voltou a fazer, versão
da Bíblia que, para Saramago, não crente, é absurdo e inteligível.
Realmente, a razão e
a fé são inconciliáveis. A razão é um instrumento de análise crítica e a fé um
dogma ou um conjunto de dogmas que não se sujeitam a essa tal análise crítica e
constitui “batotice” Carreira das Neves afirmar que, “se os crentes não
conseguem provar que Deus existe, os ateus também não conseguem provar que ele
não existe”.
Todos sabemos que o ónus
da prova é de quem afirma. Não é legítimo pensar que recai sobre mim a
obrigação de provar em tribunal que não sou criminoso.
Fiquemo-nos,
portanto, pela questão da fé. Foi através do processo de selecção natural que a
sobrevivência da espécie humana aconteceu e o acreditar fez parte desse
processo.
Os que não
acreditavam e não seguiam os conselhos dos progenitores foram ficando pelo
caminho…e mesmo assim não foi fácil...momentos houve em que chegámos a números
no limiar mínimo da sobrevivência da espécie.
Este “jeito” de
acreditar ficou-nos gravado no cérebro. É verdade, mas não nos esqueçamos que
se chegámos ao que somos, hoje devemo-lo à capacidade de usar a nossa razão sem
a qual também não teríamos sobrevivido.
Temos de conviver
todos, crentes e não crentes, apelando cada vez mais à nossa inteligência,
razão e senso comum… seja ele o lado em que estivermos.
O nosso futuro
colectivo não depende de mais ninguém para além de nós próprios. Não sejamos
ingénuos, não confiemos essa matéria a Deus. O mesmo “mecanismo de acreditar”
que pode ter sido o segredo da nossa sobrevivência em tempos recuados da nossa
evolução, pode, agora, virar-se contra nós.
Pensemos no que estão
fazendo os fundamentalistas e radicais islâmicos e os de todas as religiões.
Tempos perigosos os
que vivemos...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home