terça-feira, janeiro 10, 2017

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A religião e o Sexo





















Há religiões que aceitam o corpo, outras desprezam-no mas nenhuma o ignora. Para além disso, todas têm tendência para controlarem as principais funções do corpo: o alimento e a sexualidade. Esta última, por constituir um impulso tão vital, ocupa um lugar primordial em todas as religiões.

Nas religiões ancestrais da humanidade abundavam os ritos que exaltavam a fertilidade e o princípio feminino como símbolo do divino e do sagrado. Com o avanço das religiões patriarcais – que são todas as actuais religiões – as coisas mudaram.

O mito de Adão e Eva e do pecado original – mito fundacional da cultura judaica-cristã – expressa já uma visão profundamente patriarcal.

Este mito foi apresentado pelo cristianismo, desde muito cedo, como a explicação para a origem de todos os sofrimentos e males do mundo, como a prova de que nascemos maus e contaminados pelo pecado, como a raiz da inferioridade do corpo face ao espírito, como base para a descriminação das mulheres portadoras de um corpo que é tentação, risco e veículo de pecado. A mulher é a “porta do diabo” dizia Tertuliano. (Um dos mais importantes escritores eclesiásticos da antiguidade, nascido por volta de 155 da era cristã e convertido ao cristianismo em 193. Violento, enérgico, fanático, lutador empedernido, colocou todas estas características e a erudição ao serviço da sua fé.)

Estas ideias, já presentes no judaísmo mas alheias à mensagem de Jesus, encontraram eco na doutrina dos padres da Igreja que tinham uma visão muito negativa da sexualidade, em especial da feminina.

O sexo e a relação sexual deixaram de ser expressão de um prazer sagrado, um veículo excelso da comunicação humana, uma metáfora do amor de Deus, para se converter em algo sujo, negativo e degradante. Por oposição, a abstinência sexual, a recusa do contacto com o corpo das mulheres, era uma virtude sublime que aproximava a Deus e levava à perfeição.

Todas as culturas exerceram, de uma forma ou de outra, controle sobre a sexualidade, vista com admiração, como mistério, mas também com temor: uma actividade cheia de contradições.

Jesus, Casado ou Não?

- Realmente, não sabemos se Jesus casou ou não, se era viúvo, quantas vezes se enamorou e de quem, e se teve filhos.

É difícil imaginá-lo solteiro pois, na cultura de Israel, um homem e uma mulher sós e sem descendência eram seres estranhos. Mas não o sabemos e jamais o saberemos. O que sabemos é que em qualquer uma das hipóteses nada muda na sua mensagem. A quem escreveu os Evangelhos o “estado civil” de Jesus terá parecido um detalhe não importante relativamente à importância da sua mensagem e por isso nada aclararam nos seus relatos.

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