terça-feira, janeiro 02, 2007

O Ano de 2007


O Ano de 2007

Surpreendentemente, os portugueses gastaram nas últimas Festividades Natalícias, de acordo com as notícias, uns bons milhões de euros a mais do que tinham sido gastos no ano anterior e isto só foi possível por uma de duas razões:

- Ou dispuseram de mais dinheiro para aumentar os gastos e se tinham mais, naturalmente, mais gastaram;

-Ou, se não tinham, aumentou a sua confiança no futuro o que os levou a endividarem-se ou a prejudicarem as poupanças a favor do consumo acreditando, em qualquer dos casos, que o dia de amanhã será melhor do que o de hoje.

A lógica, numa sociedade capitalista e de uma economia de mercado é o consumo e por muito que barafustemos contra esta atitude consumista o que é verdade é que se nos deixássemos atemorizar pelo dia de amanhã e por causa desse medo diminuíssemos os nossos gastos ficando em casa a proteger o nosso dinheiro o que aconteceria, certamente, é que aumentariam as probabilidades do dia de amanhã ser mesmo pior.

Talvez por isso os estímulos ao consumo atingem, por vezes, as raias da paranóia e não fosse o bom senso da maioria de nós acabaríamos todos pendurados em dívidas.

Este bom senso educa-se e desenvolve-se através de uma atitude responsável que deve ser transmitida, em primeiro lugar, pelos pais, desde muito cedo, diria mesmo quanto mais cedo melhor, porque a nossa capacidade de entender é muito maior nos primeiros anos de vida do que se pode pensar e os primeiros ensinamentos são os que mais se nos colam para o resto da vida.

Depois, espera-se que o governo dê bons exemplos aos cidadãos neste aspecto dos gastos porque todos sabemos que o dinheiro gerido pelo Estado saiu do bolso de todos nós através de impostos e das taxas o que nos confere o direito a uma explicação, não da necessidade que é um pouco vaga, mas da razão de ser da prioridade de certas despesas.

Alguém entendeu a necessidade prioritária dos milhões gastos no túnel do Marquês ou com os projectos megalómanos do Parque Mayer?

Quando vemos os dinheiros do país desaparecerem na voragem destas obras que só têm a ver com a vaidade e o egoísmo de quem as promove, ou em ordenados e privilégios escandalosos de meia dúzia de eleitos, que raio de exemplo dão os responsáveis ao cidadão quanto à melhor forma de gerir o seu próprio dinheiro?

Dizia Camões que o “fraco Rei torna fracas as fortes gentes” ou seja, por outras palavras, um bom líder e uma boa governação são essenciais para fortalecer um país.

O próximo ano de 2007 vai ser um teste muito importante para avaliar se “o nosso Rei é forte ou fraco” porque, consoante ele for, assim nós seremos mais fortes ou mais fracos e disso não tenho a menor dúvida.

Como também não tenho a menor dúvida de que as resistências vão continuar porque ninguém aceita perder vantagens sem dar luta, mesmo naquelas situações aparentemente óbvias como a dos jogadores de futebol que só agora em 2007, finalmente, vão ser taxados como qualquer outro cidadão em relação à totalidade dos seus rendimentos, salários, prémios de jogo ou direitos de imagem.

Vamos, portanto, ter mais greves, fala-se até numa greve geral que paralise o país e obrigue o governo a “ceder perante as justas reivindicações dos trabalhadores”como se nos dias de hoje, passear pelas ruas com faixas e bandeiras, fosse a maneira correcta de defender os interesses de quem trabalha, embora sirva para dar visibilidade aos sindicalistas e justificar a sua continuação, há décadas, à frente dos sindicatos nessa importante missão para o país, que é a de cantar vitória com as percentagens esmagadoras dos trabalhadores que aderiram à paralisação desmentidas, logo de seguida, por um representante do governo com números completamente diferentes.

E depois temos os interesses das poderosas corporações como a dos Bancos, por exemplo, a quem o governo já ousou beliscar mas que continuam ainda a ter um tratamento fiscal de excepção e, finalmente, o saneamento e moralização de todo o aparelho do Estado e das Autarquias que implica uma intervenção mais criteriosa e exigente dos cidadãos que têm de deixar de apostar num certo tipo de pessoas populistas e demagógicas.

É evidente, que isso leva tempo, muito tempo, talvez gerações porque exige educação e discernimento das populações mas o caminho faz-se passo a passo, em liberdade e em democracia o que é uma grande vantagem.

O governo, pois, que governe, o mesmo é dizer, continue com as reformas, sem desistir, de forma persistente e nem sequer é preciso que faça tudo bem porque não o conseguirá, mas faça-o com seriedade, empenho…os portugueses irão atrás e José Sócrates/ Cavaco Silva ficarão na história recente deste país.

PARA TODOS NÓS UM BOM ANO DE 2007!






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