quinta-feira, setembro 30, 2010


INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 64 SOBRE O TEMA:

“COMPARTILHAMOS O PÃO?” (3 e último)


Compartilhar é o Essencial

Compartilhar é a nota essencial da “comida” eucarística. O teólogo John Dominic Grossan diz: “A eucaristia é uma comida real e compartilhada”. O acento está no partir do pão, que é um sinal de compartilhar. O ênfase não está no vinho mas sim no copo que pode passar de uns para outros. Uma eucaristia sem compartilhar não é nada. Por isso, Paulo condena aqueles que não compartilham com os outros na cerimónia da eucaristia. Nela, não se pode prescindir do seguinte: é na comida e na bebida, bases materiais da vida, oferecidas equitativamente a todos que se encontra a presença de Deus e de Jesus.

O Didaqué (significa “instrução” ou “doutrina”) é um livro antiquíssimo, descoberto no Séc. XIV, que contém um relato da tradição viva das comunidades cristãs do Séc. I a partir de fontes escritas e orais, e é imprescindível para se conhecer a história do cristianismo primitivo porque ele é uma espécie de manual de instruções que serviu às primeiras comunidades para se manterem fiéis aos ensinamentos de Jesus.

Saber Sentir o Vento

No fim da entrevista nº 64, Jesus fala a Raquel do vento para que ela entenda que há realidades que não se compreendem racionalmente, que só o espírito as capta, um espírito aberto.

No Evangelho de João, Jesus utiliza a metáfora do vento (João 3,8). No relato de um jesuíta hindu aparece também “o vento” como elemento “explicativo” do caminho que nos leva (ou não, digo eu) ao mistério de Deus.

Diz o relato que ao chegar à China, um americano perguntou ao rapaz do ascensor do Hotel: “Como é a religião na China?”. O rapaz levou-o até à janela e perguntou-lhe o que ele via. “Vejo carros, lojas,…” E que mais? Pergunta-lhe. “Vejo flores, árvores, pássaros…” E que mais? Volta a perguntar o rapaz. “Vejo como se move o vento…” “Pois, essa é a religião na China, respondeu o rapaz: “uma percepção da realidade. Partimos das coisas, chegamos aos seres vivos e terminamos no que é invisível e livre, no que não podemos agarrar.

Muitos teólogos actuais consideram que quando a China for a próxima grande potência mundial, o ocidente ver-se-á desafiado pelas religiões asiáticas: Budismo, Hinduísmo, Taoismo e Confucionismo. A cultura ocidental cristã não está preparada para responder às interrogações actuais pois nem sequer dispõe de ferramentas conceptuais para captar o essencial dessas visões do mundo, da vida e de Deus, porque nos esquecemos do “vento”, porque não sabemos vê-lo
nem estamos ensinados a
senti-lo.

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