quinta-feira, outubro 21, 2010


INFORMAÇÂO ADICIONAL À ENTEVISTA

Nº 66 SOB O TEMA:

- O CELIBATO SACERDOTAL (Conclusão)

Apesar de tudo isto, no Séc. VIII, San Bonifácio informou o Papa que na Alemanha quase nenhum bispo ou sacerdote era celibatário. No Concílio de Aix-La-Chapelle (Ano 836) admitiu-se que em conventos e mosteiros realizavam-se abortos e infanticídios para encobrir as relações sexuais entre os clérigos.

Há que ter em conta que, desde o Séc. V a Igreja se convertera na entidade mais poderosa da Europa e a maior latifundiária e os espaços económicos de maior poder foram os mosteiros e, entre estes, sobressaía o Mosteiro de Cluny, no Séc. X, que serviu de modelo a centenas de outros por toda essa Europa.

À cabeça desta rede de mosteiros estava o Papa de Roma como proprietário de imensas riquezas e latifúndios. Naquele tempo, Papa, Cardeais, Arcebispos, Bispos e Abades pertenciam todos à nobreza feudal que ampliava permanentemente as suas propriedades graças aos laicos que faziam doações e testamentos às autoridades religiosas para obter o perdão para os seus pecados.

Quando nos séculos X e XI se iniciaram as sublevações dos servos contra os senhores, a Igreja temeu pela sorte de tantos bens e por isso, os dirigentes do “Movimento Cluny” esforçaram-se por imporem regras severas e, entre elas, incluiu-se o celibato. Em 1073 chegou a Papa o monge Hildebrando, chefe do Movimento Cluny, que tomou o nome de Gregório VII.

Ele concebeu um Estado Mundial encabeçado pelo Papa como soberano absoluto e para o conseguir requeria que as terras propriedade da Igreja não se desmembrassem. Daí, esta sua frase:

- “A Igreja nunca se verá livre das garras do laicado enquanto os sacerdotes não se libertarem das garras das esposas.”

Em 1095, o Papa Urbano II ordenou a venda das esposas dos sacerdotes como escravas deixando os filhos ao abandono tendo, mais tarde, decretado como inválidos os matrimónios clericais.

Apesar de todos estes esforços, não foi fácil impor o celibato de tal forma que, no Séc. XV, 50% dos sacerdotes estavam casados incluindo oito Papas.

Era tão normal que os sacerdotes tivessem concubinas e não cumprissem com a lei do celibato que os bispos instauraram a chamada “renda de putas” que o sacerdote pagava ao bispo sempre que tinha relações sexuais. Esta cobrança terminou em 1435.

É só no Concílio de Trento (1545-1563) que se implantou definitivamente a disciplina do celibato obrigatório para os sacerdotes e proibida a ordenação de homens casados.

Celibato Opcional

Recentemente, nos anos 70, surgiu em Espanha e noutros países da Europa e do mundo o Movimento para o Celibato Opcional (MOCEOP), integrado por sacerdotes católicos casados, que continuam vinculados a comunidades cristãs “de iguais”, sem hierarquia e que trabalham com suas famílias para uma Igreja integrada por comunidades de pessoas corresponsáveis todas elas
para levar ao mundo a boa notícia da justiça e da equidade de Jesus da Nazaret.

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