DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS
E SEUS
DOIS
MARIDOS
Episódio Nº 305
- Onde posso encontrar esse cavalheiro?
Velho de mais de oitenta anos, desde os vinte e poucos a anunciar o fim do mundo, resistindo à descrença e à perseguição, à cadeia e ao hospício, jamais vencido, implacável profeta do Velho Testamento, Teobaldo príncipe de Bagdá esclareceu:
- Onde menos se espera ele se encontra… - e tendo dito, fechou os olhos e pegou no sono.
No apartamento de Zulmira, na solidão propícia ao pensador, Cardoso e S.ª punha em ordem os últimos detalhes do seu plano de combate: já marcara entrevista com os marcianos, tinha amigos entre eles.
- E então? – perguntou a Pelancchi.
Cansado e pessimista, o rei do jogo ergueu os ombros:
- Por acaso você sabe onde posso achar o tal Mestre do Absurdo? Já ouviu falar?
- O Mestre do Absurdo? Quer encontrar com ele – a gargalhada do místico sacudiu a sala.
- Com urgência.
- Pois aqui o tem, em sua frente. Eu sou o Mestre do Absurdo.
No bacará, no lasquinê, no grande e pequeno, na roleta, Arigof, Anacreon, Giovanni Guimarães e a multidão a seguir os seus palpites, estouravam bancas sobre bancas, jamais perdiam. Nem uma só vez.
- Você? Pois ande depressa. Se durar mais uma semana estou falido.
- Depressa, Cardosinho – suplicou também Zulmira.
O Mestre do Absurdo sorriu ao tratamento íntimo e à zelosa secretária:
- Fiquem descansados, é para já.
“Olhar de águia, irresistível”, pensou Zulmira.
De braço dado chegaram da farmácia dona Flor e doutor Teodoro na hora do jantar. Ele, após breve repouso, voltaria ao trabalho, prolongando-se o plantão até às dez da noite, estafante.
- Pobre querido… - disse dona Flor.
- Você hoje vai dormir cedo, minha querida, ontem estava febril – recomendou o bom marido.
Dona Flor tão satisfeita, de repente inteira e uniforme, não mais contraditória, dividida ao meio, em luta o espírito e a matéria. Apenas um temor: se ele não voltasse, o seu primeiro? Se não viesse?
Mas ele veio, e apenas o doutor se foi para a farmácia (de capa e guarda-chuva, pois de novo aumentara o aguaceiro), eis dona Flor e Vadinho no leito de ferro, sobre o colchão de molas, a vadiar.
- Onde posso encontrar esse cavalheiro?
Velho de mais de oitenta anos, desde os vinte e poucos a anunciar o fim do mundo, resistindo à descrença e à perseguição, à cadeia e ao hospício, jamais vencido, implacável profeta do Velho Testamento, Teobaldo príncipe de Bagdá esclareceu:
- Onde menos se espera ele se encontra… - e tendo dito, fechou os olhos e pegou no sono.
No apartamento de Zulmira, na solidão propícia ao pensador, Cardoso e S.ª punha em ordem os últimos detalhes do seu plano de combate: já marcara entrevista com os marcianos, tinha amigos entre eles.
- E então? – perguntou a Pelancchi.
Cansado e pessimista, o rei do jogo ergueu os ombros:
- Por acaso você sabe onde posso achar o tal Mestre do Absurdo? Já ouviu falar?
- O Mestre do Absurdo? Quer encontrar com ele – a gargalhada do místico sacudiu a sala.
- Com urgência.
- Pois aqui o tem, em sua frente. Eu sou o Mestre do Absurdo.
No bacará, no lasquinê, no grande e pequeno, na roleta, Arigof, Anacreon, Giovanni Guimarães e a multidão a seguir os seus palpites, estouravam bancas sobre bancas, jamais perdiam. Nem uma só vez.
- Você? Pois ande depressa. Se durar mais uma semana estou falido.
- Depressa, Cardosinho – suplicou também Zulmira.
O Mestre do Absurdo sorriu ao tratamento íntimo e à zelosa secretária:
- Fiquem descansados, é para já.
“Olhar de águia, irresistível”, pensou Zulmira.
De braço dado chegaram da farmácia dona Flor e doutor Teodoro na hora do jantar. Ele, após breve repouso, voltaria ao trabalho, prolongando-se o plantão até às dez da noite, estafante.
- Pobre querido… - disse dona Flor.
- Você hoje vai dormir cedo, minha querida, ontem estava febril – recomendou o bom marido.
Dona Flor tão satisfeita, de repente inteira e uniforme, não mais contraditória, dividida ao meio, em luta o espírito e a matéria. Apenas um temor: se ele não voltasse, o seu primeiro? Se não viesse?
Mas ele veio, e apenas o doutor se foi para a farmácia (de capa e guarda-chuva, pois de novo aumentara o aguaceiro), eis dona Flor e Vadinho no leito de ferro, sobre o colchão de molas, a vadiar.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home