domingo, janeiro 16, 2011

O NOVO PRESIDENTE DA REPÚBLICA


Portugal prepara-se, ao que parece e mais uma vez, para eleger, neste caso reeleger, o actual Presidente da República cumprindo, desta forma, uma tradição da democracia portuguesa. Não sei mesmo por que não lhes conferem logo um mandato de 10 anos e ponto final.

Eu não considero que seja totalmente inútil para os cidadãos e para a saúde da democracia este período de campanha eleitoral. De forma nenhuma, embora muitos convencidos intelectuais se aborreçam com o baixo nível das intervenções dos candidatos que repetem discursos enfadonhos.

É próprio das campanhas que vivem viradas, acima de tudo, para arrebanharem os votos do eleitorado do povo mais sensível a slogans e ao espectáculo do que a “tiradas” de erudição política sobre os grandes problemas que afectam o futuro do país. É verdade que nem todos se podem dar ao luxo de terem um Obama a discursar, mas também é certo que na actual situação as pessoas estão cada vez mais surdas à palavra dos políticos que fica mais para os comentadores da especialidade.

Em qualquer caso, nestes períodos, as línguas desatam-se mais e ficamos a conhecer coisas sobre os candidatos que viviam mais ou menos na penumbra do respeito que a dignidade das altas funções lhes conferia.

Esta história das acções do BPN em que o candidato Cavaco Silva e família, de forma legal, ganhou, creio que em dois anos, em acções compradas e vendidas fora da bolsa 357.000 euros (149%) e construiu no Algarve, na Quinta da Coelha, uma moradia que pelo seu valor, diz quem sabe e a conhece, estar fora do alcance de quem apenas teve na vida rendimentos de Professor Universitário, 1º Ministro e Presidente da República, levantam legítimas dúvidas sobre o carácter do candidato que estavam ausentes do espírito de muitos portugueses e o obrigaram a afirmar que todos nós tínhamos de nascer duas vezes para sermos tão honestos como ele.

Em primeiro lugar, não vale baralhar a cabeça das pessoas com o conceito de honestidade que aqui não é sinónimo de legalidade. Também, era o que mais faltava, deixemos isso para o amigo e vizinho na Quinta da Coelha, Oliveira e Costa.

Honestidade, aqui, é uma ausência completa e total de rendimentos para além dos obtidos como retribuição pelo exercício das funções ao serviço do Estado porque todos os outros podem estar viciados de favores políticos quer eles existam ou não. Retirar benefícios e vantagens pessoais do poder político que se tem é uma desonestidade ética-moral, um aproveitamento político que deve ser avaliado e valorado pelos eleitores e não pelos tribunais.

Veja-se, como exemplo de honestidade, o que foi o comportamento do General Ramalho Eanes que, por razões ético-políticas, não aceitou a promoção a Marechal e nunca o ouvimos dizer que tínhamos de nascer duas vezes para sermos tão honestos como ele.

O candidato Cavaco Silva irá ser reeleito, não com o meu voto, mas irá ser reeleito de acordo com a tradição e as sondagens. Esta campanha, mais que não seja, esclareceu melhor muitos portugueses sobre esses aspectos de honestidade do candidato Cavaco Silva o que não adianta muito porque, de qualquer forma, já não votariam nele.

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