TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 5
Ia o poeta retomar a dança e o improviso sem conceder maior importância ao acontecido – o que mais dá em cabaret é corno aflito – eis que a bofetada estala tão forte a ponto de cobrir o ruído do jazz. Estanca o passo Tereza, a tempo exacto de assistir à mão espalmada do grandalhão pela segunda vez na cara da rapariga e de escutar-lhe a voz nasal a repisar palavras tão repetidamente ouvidas em tempos distantes: “Aprenda a me respeitar, cadela!”, a frase era outra, mas a frase era idêntica e idêntico também o som da mão do homem na face da mulher.
No mesmo instante desprende-se Tereza Batista dos braços do poeta Saraiva e marcha para o casal:
- Homem que bate em mulher não é um homem é um frouxo…
Está em frente ao galalau, ergue a cabeça e lhe informa:
- … e em frouxo eu não bato, cuspo na cara.
A cusparada parte; Tereza Batista, treinada na infância em brinquedos de cangaço e de guerra com petulantes moleques, possui pontaria certeira, mas dessa vez, devido à altura do indivíduo, erra o alvo, - o olho de remela e velhacaria – o cuspo se aloja no queixo.
- Filha da puta!
- Se é homem venha bater em mim.
- É agora mesmo, siá-puta.
- Pois corra dentro.
Propôs, mas não esperou que ele corresse dentro: manda-lhe um pontapé nos baixios visando os quibas, mas novamente não alcança a meta, o sujeito tinha pernas de varapau. Tereza perde o equilíbrio: aproveita-se um dos acompanhantes e a segura por detrás, prendendo-lhe os braços, expondo-lhe o rosto ao soco do outro. Não contente de dar em mulher, o tal finório usa soqueira de ferro, o murro rompe a boca de Tereza.
Atira-se o poeta Saraiva em cima do ordinário, a sujeitar a estrela cadente do samba, embolam os três pelo chão. Num salto Tereza se põe de pé e cospe de novo na cara do tipo, dessa vez um cuspo de sangue e no meio um pedaço de dente. Os dois bandos recebem reforços: de um lado os restantes sequazes do incómodo chifrudo, do outro o pintor Jenner Augusto mordendo os lábios de tanta raiva e o caixeiro viajante que a prudência levara a abandonar à sua sorte a companheira de dança – a moça desconhecida fizera o que ele deveria ter feito. Perdendo a cabeça e o saldo da comprometida reputação e ganhando de novo a estima dos colegas, partiu para a liça.
O jazz prossegue tocando, mas os pares abandonaram o ringue, deixando-o livre aos contentores. De pé, sobre a mesa, na mão uma nota de vinte cruzeiros, alguém desafia aos berros:
- Aposto vinte cruzeiros na moça, quem topa?
Tereza conseguira agarrar os cabelos ralos do pau-de-sebo, arrancando um punhado. Ele tenta alcança-la, com a mão da soqueira quebrar-lhe outro dente, mas ela ágil e arisca, aos pulos, quase em passo de dança, se esquiva, chuta-lhe as canelas, continua a cuspir-lhe na cara, esperando ocasião propícia para atingi-lo por baixo com o pé.
No mesmo instante desprende-se Tereza Batista dos braços do poeta Saraiva e marcha para o casal:
- Homem que bate em mulher não é um homem é um frouxo…
Está em frente ao galalau, ergue a cabeça e lhe informa:
- … e em frouxo eu não bato, cuspo na cara.
A cusparada parte; Tereza Batista, treinada na infância em brinquedos de cangaço e de guerra com petulantes moleques, possui pontaria certeira, mas dessa vez, devido à altura do indivíduo, erra o alvo, - o olho de remela e velhacaria – o cuspo se aloja no queixo.
- Filha da puta!
- Se é homem venha bater em mim.
- É agora mesmo, siá-puta.
- Pois corra dentro.
Propôs, mas não esperou que ele corresse dentro: manda-lhe um pontapé nos baixios visando os quibas, mas novamente não alcança a meta, o sujeito tinha pernas de varapau. Tereza perde o equilíbrio: aproveita-se um dos acompanhantes e a segura por detrás, prendendo-lhe os braços, expondo-lhe o rosto ao soco do outro. Não contente de dar em mulher, o tal finório usa soqueira de ferro, o murro rompe a boca de Tereza.
Atira-se o poeta Saraiva em cima do ordinário, a sujeitar a estrela cadente do samba, embolam os três pelo chão. Num salto Tereza se põe de pé e cospe de novo na cara do tipo, dessa vez um cuspo de sangue e no meio um pedaço de dente. Os dois bandos recebem reforços: de um lado os restantes sequazes do incómodo chifrudo, do outro o pintor Jenner Augusto mordendo os lábios de tanta raiva e o caixeiro viajante que a prudência levara a abandonar à sua sorte a companheira de dança – a moça desconhecida fizera o que ele deveria ter feito. Perdendo a cabeça e o saldo da comprometida reputação e ganhando de novo a estima dos colegas, partiu para a liça.
O jazz prossegue tocando, mas os pares abandonaram o ringue, deixando-o livre aos contentores. De pé, sobre a mesa, na mão uma nota de vinte cruzeiros, alguém desafia aos berros:
- Aposto vinte cruzeiros na moça, quem topa?
Tereza conseguira agarrar os cabelos ralos do pau-de-sebo, arrancando um punhado. Ele tenta alcança-la, com a mão da soqueira quebrar-lhe outro dente, mas ela ágil e arisca, aos pulos, quase em passo de dança, se esquiva, chuta-lhe as canelas, continua a cuspir-lhe na cara, esperando ocasião propícia para atingi-lo por baixo com o pé.
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