sexta-feira, maio 06, 2011

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA



Episódio Nº 100


Papa Moscas ditava-lhe parcelas, quilo e meio de jabá a mil e quatrocentos, três litros de farinha a trezentos réis, um litro de feijão a quatrocentos, um litro de cachaça, duzentas gramas de sal. Em seguida a voz do capitão, embrulhada em riso:

- Quando acabar de fazer a conta, Tereza, vá lá dentro passar um café.

Daniel desfiava a crónica dos castelos e cabarés da Bahia, figuras, nomes, apelidos, casos, anedotas; Justiniano Duarte da Rosa gostava de sentir-se a par do movimento do mulherio da capital, freguês assíduo quando em viagem por lá, e o rapaz tinha graça no contar.

Tereza pousou no balcão a bandeja com o bule de café, as xícaras pequenas, o açucareiro; enquanto servia, ouviu o moço dizer ao capitão – sem dos olhos dela tirar os seus, súplices e insistentes:

- Capitão, enquanto ponho cerca à fortaleza, posso usar seu armazém como trincheira? – No ar elevou-se o cheiro do café, Dan sorveu de um gole – Delicioso! Posso merecer de vez em quando um cafezinho igual a esse?

- Das sete da manhã às seis da tarde, às suas ordens, e o café é só pedir – Ordenou à Tereza – Quando o amigo Daniel aparecer por aqui, e penso que vai aparecer seguido – riu, tocando com o dedo gordo a barriga do jovem – passe um cafezinho para ele. Se estiver ocupada, ele espera, não tem pressa, não é mesmo seu sabidório?

- Pressa nenhuma, capitão, todo o meu tempo agora é dedicado a esse assunto, exclusivamente – Os olhos nos de Tereza, como se falasse dela e para ela.

Desapareceu Tereza com o bule e as xícaras, o capitão informou:

- Consta que Teodora, sabia que se chama Teodora? De apelido Teó. Pois falam que não tem mais nada a defender, é caminho aberto, um artista de circo que passou por aqui lhe fez o benefício. De mim, duvido, para lhe falar com franqueza. Que andaram aos beijos e abraços, é certo, eu mesmo vi aqui do armazém os dois de boca grudada na porta da casa dela; que houve muita putaria houve, mais do que isso não creio. Onde diabo iam acender o pito? Cajazeiras não é Bahia, onde não falta lugar, nem roça com mato à vontade. Sem falar que aqui todo o mundo controla a vida dos outros, você logo vai ver; só tem uma pessoa que não liga para isso e faz o que quer, é seu criado aqui presente. Deixo que falem, vou comendo do bom e do melhor. Em troca não me meto com gente graúda, da laia das vizinhas. Quando me meti foi para me casar. Prefiro caça rasteira, não dá trabalho nem dor de cabeça.

Falando francamente, penso que a moça e o cujo andarem se esfregando, se ela sentiu peso de pau foi na mão, o resto é falatório. De qualquer jeito, cabeçuda ou furada, é um pedaço de mulher.

Daniel alteou a voz, o olhar em Tereza, a ela se dirigindo por cima do ombro de Justiniano Duarte Rosa:

- É a mulher mais bonita que vi em toda a minha vida.

- Ei! O que é isso? Não exagere. Não só que para meu gosto já é um tanto passada, não que despreze, mas dou preferência às moderninhas, como também porque conheço outras melhores, sem comparação. Em Aracaju, no castelo de Veneranda, tem uma gringa, russa ou polaca, sei lá! O que sei é que é todinha loura, da cabeça aos pés, da penugem dos braços aos cabelos do cu. Os cabelos chegam a ser brancos de tão loiros, ela diz que cabelos assim têm um nome lá na terra dela, não sei o que de prata. (clik na imagem)

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